Em menos de dois anos, quatro ciclones atingiram Moçambique, matando milhares, deixando muitos desabrigados e destruindo colheitas de alimentos que sustentam a vida.
A trilha de destruição começou com o ciclone Idai em março de 2019 , seguido pelo ciclone Kenneth (abril de 2019), a tempestade tropical Chalan (dezembro de 2020) e o ciclone Eloise (janeiro de 2021). O país também foi devastado pelo ciclone Dineo em 2017.
Uma previsão de tempo mais severa é esperada para fevereiro.
Como ajudar
As doações para alívio a desastres em Moçambique podem ser feitas através do Advance Internacional de Resposta e Recuperação a Desastres da UMCOR # 982450.
A Comissão Metodista Unida de Socorro, em consulta com a Bispa Joaquina Filipe Nhanala das conferências Norte e Sul de Moçambique, está a preparar uma resposta de emergência às necessidades humanitárias.
Respeito Chirrinze, coordenador de gestão de desastres da área episcopal (um programa apoiado pela UMCOR), disse que centenas de famílias serão beneficiadas. “Na primeira fase”, disse ele, “nosso plano de apoio inclui o fornecimento de alimentos e material de construção para 200 famílias”.
O governo ofereceu apoio por meio do Instituto Nacional de Gestão de Desastres, oferecendo alimentos, remédios e cobertores às famílias que buscavam refúgio em abrigos.
Alberto Ganha vive com a mulher e dois filhos no bairro da Póvoa, periferia da Beira, província de Sofala.
“Nós realmente não entendemos o que tem acontecido recentemente”, disse ele. “Ficamos sem entender o que a Mãe Natureza está fazendo conosco.”
As áreas centro e norte de Moçambique foram as mais atingidas. Escolas, hospitais, estradas e pontes estavam em ruínas, isolando comunidades inteiras e complicando o resgate. Somente na área central, mais de 250.000 famílias foram afetadas.
“O Eloise (Ciclone) aumentou a desgraça da minha família,” disse Maria Francisco da Póvoa. “Minha mãe de 59 anos morreu, enterrada em uma casa de construção precária porque quando a chuva e o vento começaram, ela se recusou a ir para uma zona segura.”
Muitas casas, principalmente nas zonas rurais, são feitas de estacas, cordas e relva e estão cobertas de lama, disse o Rev. Vasco Matio, superintendente do distrito de Inhambane Norte e Vilanculos.
A casa de Teresa Manuel ficava perto do Rio Save. O rio, recordou ela, “subiu para 7,8 metros (25 pés) de altura, com as águas transbordando até inundar os distritos de Machanga e Mambone”.
O reverendo Jacob Jenhuro, assistente do bispo da Conferência do Norte, disse que o ciclone Eloise excedeu em muito as previsões de seu impacto.
“Quando recebemos o aviso de que outro ciclone ia atingir a cidade da Beira, depois de ter sido atingido por Chalane há três semanas”, disse Américo Nhassengo, líder leigo da conferência, “algumas pessoas tentaram reforçar os seus tetos” com pedras, blocos e sacos de areia.
Tal como aconteceu com o Ciclone Idai, Eloise espancou Beira, Dondo, Buzi e Namarroi - este último no Distrito da Zambézia Norte - forçando milhares de famílias a abandonar casas que já eram frágeis.
As igrejas não foram poupadas, observou Nhassengo. “Algumas capelas ficaram sem telhado, outras sem paredes”, disse ele.
Casas, quintais e becos inundados desafiam a recuperação, disse Inácio Zitha, morador do Bairro Macurungo.
“As inundações que estamos enfrentando agora são semelhantes às causadas por Idai em 2019. Estamos muito mal aqui”, disse Zitha. “Todo o nosso bairro está inundado; águas entraram em nossas casas. Na maioria das casas, a água tem 60 centímetros (dois pés) de altura.”
O Rev. Benilde Pale é diretor do Orfanato Dondo. Representantes do governo alertaram a equipe sobre a tempestade iminente e pediram para usar as instalações para abrigar os moradores da comunidade afetada.
“Infelizmente”, disse Pale, “o centro do orfanato também sofreu, onde as salas de aula ficaram sem teto.
“No entanto, damos graças a Deus que os dormitórios foram poupados, para que sirvam de refúgio e sejam o lar de algumas famílias da população do entorno que vieram em busca de abrigo.”
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No distrito de Búzi, em particular na cidade sede, o rio transbordou e inundou as comunidades ribeirinhas. Pessoas foram transferidas para Guará-Guará.
“A Eloise foi acompanhada por ventos e chuvas torrenciais”, disse Azarias Mindú, presidente do Conselho de Extensão de Evangelização do Búzi. “A aldeia estava quase submersa.”
“O telhado da nossa capela foi completamente arrancado pela força e fúria do vento”, disse o Rev. Pascoal Muriane do Buzi. “Em alguns lugares, as árvores bloquearam a estrada, impossibilitando a movimentação de pessoas e veículos.”
Os efeitos do Ciclone Eloise atingiram a província da Zambézia. Segundo o superintendente distrital, Rev. José Miguel dos Santos, os danos ainda estão sendo avaliados. “Já sabemos sobre capelas e casas paroquiais destruídas”, disse ele.
Mesmo antes de Moçambique experimentar o impacto e a devastação de quatro ciclones, o país da África Oriental lutava com a instabilidade política.
“Na província de Sofala, recebemos centenas de famílias que fugiram dos insurgentes em Cabo Delgado”, disse Graça Vilanculos, directora distrital de educação no Dondo, à Notícias MU em dezembro de 2020.
Numa declaração de 3 de Fevereiro, Roland Fernandes, top executivo da Junta Metodista Unida de Ministérios Globais, lançou um apelo à solidariedade com a Igreja Metodista Unida em Moçambique.
“A parte central do país, segundo fontes da Igreja, é atormentada por um conflito armado entre o governo e um grupo rebelde que rompeu com o partido político de oposição”, disse Fernandes. “Os confrontos, que começaram há dois meses, são particularmente intensos na Conferência Anual do Norte.”
A bispa Nhanala disse que os membros da igreja estão seriamente afetados.
“A situação está piorando à medida que os ataques continuam. O fluxo de pessoas do norte para outras partes do país é avassalador”, disse ela.
Fernandes disse que a Comissão Metodista Unida de Socorro, em consulta com o bispo, está a preparar uma resposta de emergência à necessidade humanitária.
“Encorajo todos os Metodistas Unidos na sua oração individual e coletiva a recordar das nossas irmãs e irmãos em Moçambique”, disse Fernandes na declaração, “identificando-se com a sua coragem e necessidade, pedindo a Deus que os rodeie com graça e os preencha com o amor de Jesus Cristo.”
*Gustavo é um comunicador da Conferência de Moçambique do Norte e Sambo é o correspondente lusófono na África para Notícias Metodista Unida. Contato com a mídia de notícias: Julie Dwyer, editora de notícias, [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, assine os resumos quinzenais gratuitos.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para I[email protected]