Key points:
• Milhares de mulheres em Angola lutam na buscam da subsistência para suas famílias.
• “Sinto que Deus chamou-me para cumprir a sua missão neste território Angolano por meio da agricultura.”
• “Com Fatuma já estamos a experimentar a criação de aves não só para o abate, mas também para a produção de ovos.”
De nacionalidade Congolesa (RD), Olangi Fatuma está em missão em Angola desde o ano de 2017, onde ela desenvolve projectos de agricultura de subsistências familiar com objectivo de apoiar as pessoas vulneráveis, tais como mulheres idosas nas comunidades e, ultimamente, está ajudando as viúvas dos pastores na Conferência do Oeste de Angola.
“Faço do campo o meu lugar preferido,” disse Olangi Fatuma, ´´pois sinto que meu chamado é aqui, para ajudar as comunidades vulneráveis a desenvolver suas habilidades locais de subsistência no campo.”
Olangi tem a alegria de colher os primeiros resultados do seu trabalho ao ver jovens da comunidade começarem a ganhar conhecimentos práticos e científicos sobre as boas práticas de como preparar e cuidar da terra, bem como do plantio ao momento da colheita.
“Vivo da agricultura graças as experiências adquiridas durante uma formação oferecida pela missionária Fatuma,” explicou Manico Sambala, supervisor do Campo Agrário de Caxito, localizado no distrito eclesiástico do Bengo, província com mesmo nome.
“Não posso dizer que a vida no campo é fácil, mas ela é motivadora, sobretudo quando do trabalho das nossas mãos muitas famílias, especialmente as crianças, já não passam fome,” continuou Sambala, pai de três filhos.
A nossa equipe, soube junto do Campo Agrário de Caxito que parte dos produtos ali produzidos são distribuídos gratuitamente às famílias mais carenciadas, incluindo a dos pastores.
“A minha maior alegria é transbordante quando chega a hora da colheita… não só por ver os frutos de quem um dia plantou e cuidou, mas por ver as mães, muitas das quais viúvas, a colherem o fruto de seu trabalho,” explicou Fatuma.
É importante dizer que os produtos que saiem do Campo Metodista Agrário de Caxito são naturalmente produzidos.
“Uma das coisas que me impressionou durante a formação, foi a simplicidade de se produzir adubo natural,” disse Maria Pascoal viúva de um pastor que tombou em missão enquanto servia a igreja em Angola.
“Com essa técnica, tenho apostado na produção de culturas rápidas de se colher como: o tomate, a couve, o alface, o repolho, o alho e já estou a preparar o campo para a batata rena,” explicou Carlota.

Essas culturas têm lhe garantido alimentar os filhos e ainda colocar-los na escola.
A situação de viuvez das esposas de pastores na Conferência de Oeste de Angola é muito preocupante. A Junta de Pensões da Conferência Anual na pessoa do seu Presidente Maurício Joaquim Armando, nos informou que há mais de 50 viúvas, algumas das quais com filhos menores ainda por cuidar.
Neste momento, há cinquenta famílias que já se beneficiaram desta iniciativa, dum total de duzentas e cinquenta ainda por beneficiarem-se numa primeira fase.
“Sinto que Deus chamou-me para cumprir a sua missão neste território Angolano por meio da agricultura, apoiando famílias da terceira idade, famílias desfavorecidas, e com destaque as viúvas dos pastores,” expressou-se Olangi Fatuma.
A nossa interlocutora, falou um pouco dos desafios que enfrentara no inicio da sua missão, sendo a barreira linguística e a adaptação cultural, mas que aos poucos soube ultrapassá-los.
“Hoje entendo as pessoas e consigo interagir com elas, sobretudo durante o trabalho,” acrescentou a missionária.
Neste momento, já foram beneficiadas 26 viúvas de pastores e 34 outras mulheres (incluindo viúvas) de famílias mais carentes das comunidades do Bairro da Cuca em Cazenga e Neves Bendinhas, e alguns funcionários dos escritórios centrais todos em Luanda.
“A missionária Fatuma, é uma bênção para a nossa conferência,” disse o engenheiro António Sozinho, coordenador do programa de agricultura integral.
“Com Fatuma aqui em Angola Oeste conseguimos notar melhorias nesta área agrícola. Para além da prática de agricultura no campo de Caxito, já estamos a experimentar a criação de aves não só para o abate, mas também para a produção de ovos,” concluiu Sozinho.
A Conferência anual do Oeste de Angola tem campos vazios aguardando por investimentos. De acordo com a missionária Fatuma, neste momento está em curso a preparação do campo agrícola de Catete-Mazozo onde se prevê a instalação de um sistema de bombeamento de água para irrigação e o mesmo será suportado com painéis solares.
“Não tenho palavras melhores para expressar neste momento. A alegria é maior, porque a missionária Fatuma veio mudar a minha vida, tirando-me e tirando minha família do nível de pobreza em que estávamos para uma vida melhorada,” expressou-se emocionalmente a viúva do Pastor José João Makanda.
“Eu agradeço a Deus e a Igreja Metodista Unida por permitir que, embora não seja membro da igreja, apenas da comunidade de Caxito, faça parte deste projeto, que me dá sustento diário,” agradeceu dona Teresa Francisco, viúva e membro da comunidade.
A última reunião alargada da Conferência anual do oeste de Angola realizada em Agosto deste ano, apontou a área da agricultura como sendo a grande aposta e porta para saída da crise que muitas famílias se encontram. Recorda-se que no princípio de 2021, a missionária procedeu a entrega de material de campo à viúvas e membros da comunidade de Bom Jesus. A construção de um depósito conferencial para arrecadação de produtos, faz parte de uma das resoluções saídas daquela reunião realizada em Luanda.
*Bento é o comunicador da Conferência de Oeste de Angola das Notícias Metodista Unida. Contacto com a imprensa: Rev. Gustavo Vasquez, editor de notícias, [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, inscreva-se nos resumos quinzenais gratuitos.