Rev. Dr. Martin Luther King, Jr. e uma carta para a América em 2025

Este ano marca o 96º aniversário do nascimento do Rev. Dr. Martin Luther King, Jr., um dos maiores defensores da paz com justiça nos Estados Unidos. Nascido em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia, em meio ao persistente cenário de turbulência racial e extremismo racista que eram endêmicos em toda a América — especialmente no sul profundo — King dedicou sua vida e ministério a empregar métodos não violentos para lidar com a injustiça racial e econômica.

Hoje, quase 57 anos após a morte de King, a América continua dividida em muitas linhas — racial, econômica e politicamente. As igrejas cristãs na América espelham essa divisão.

Em abril de 1963, ele escreveu o que ficou famoso como a Carta da Prisão de Birmingham. O contexto da carta era o esforço de King para se dirigir a oito líderes religiosos brancos de Birmingham, Alabama — de igrejas católicas, episcopais, batistas, presbiterianas e metodistas, e um rabino judeu que alegou que King e outros eram extremistas em sua luta por justiça racial e econômica. Na carta, King perguntou: "Jesus não era um extremista por amor — "Ame seus inimigos, abençoe aqueles que o amaldiçoam, faça o bem àqueles que o odeiam e ore por aqueles que o maltratam"... Então, a questão não é se seremos extremistas, mas que tipo de extremistas seremos. Seremos extremistas por ódio ou amor?" Hoje, somos deixados a imaginar o que King escreveria para a América se estivesse vivo em 2025. Aqui está um pouco do que King pode nos escrever hoje:

Amados irmãos e irmãs –

Eu os saúdo em nome de Cristo, que veio à Terra para demonstrar o amor extremo de Deus para com toda a humanidade. No ano passado, a América passou por outra eleição nacional profundamente divisiva, que lançou luz adicional sobre a profunda mágoa e decepção que muitos americanos sentem por diferentes razões. A divisão que a América passa hoje é semelhante à divisão racial, econômica e política que eu e outros abordamos no auge do movimento dos direitos civis americanos nas décadas de 1950 e 1960.

Em abril de 1963, nosso trabalho pela paz e justiça nos levou a Birmingham, Alabama. Você deve se lembrar que enquanto estávamos em Birmingham protestando pacificamente e marchando pela igualdade econômica e racial naquela cidade, eu e vários outros fomos presos e levados para a Cadeia Municipal de Birmingham.

Muitos cidadãos brancos consideraram nossas ações extremistas e radicais. Você também deve se lembrar que antes e durante nosso tempo em Birmingham, oito líderes religiosos insistiram em abordagens graduais e mais moderadas para lidar com as injustiças raciais e sociais que ocorriam em Birmingham. Eles afirmaram que protestos em massa pelos direitos civis nas ruas provocariam violência. Esses oito ministros brancos divulgaram uma declaração pública à imprensa local expressando seu apoio ao progresso gradual e na esperança de desencorajar a violência nas ruas de Birmingham.

Minha resposta a esses oito líderes religiosos foi o que veio a ser conhecido como minha Carta da Prisão de Birmingham. Como resposta às suas alegações de que eu e outros éramos extremistas, perguntei: “Jesus não era um extremista por amor…?”   

Perguntei isso no contexto de um legado de extremismo social e político na América, como visto na instituição de escravidão de 246 anos, Jim Crow (termo em inglês para se referir a leis de segregação racial) de décadas, e violência extremista contínua direcionada a corpos negros na América. Algumas das imagens mais assustadoras desse legado de extremismo na América podem ser encontradas na Equal Justice Initiative em Montgomery (Iniciativa de Justiça Igualitária em Montgomery), Alabama, e no National Memorial for Peace and Justice (Memorial Nacional por Paz e Justiça) — o que é apropriadamente conhecido como o “Lynching Memorial” (Memorial do Linchamento).

Rev Dr C Anthony HuntRev. C. Anthony Hunt, Pastor da Igreja Metodista Unida Epworth Chapel. Foto cortesia da Conferência Anual Baltimore-Washington. 

“Como é ter tanta raiva no coração?”, perguntei a um jovem, que me disse que seu nome era Joey.

Comentários

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Das vigas do Lynching Memorial estão pendurados os nomes de mais de 4000 mulheres, homens e crianças afro-americanos que foram vítimas de linchamento em dez estados americanos no Sul entre os anos de 1870 e 1950. Hoje, o extremismo social e político continua. Isso é visto na proliferação de atividades relacionadas ao ódio em toda a sociedade. Gravados na memória coletiva da América estão os eventos que a nação testemunhou no Capitólio dos Estados Unidos em Washington, DC em 6 de janeiro de 2021, onde com tumultos e insurreições, vidas foram perdidas, pessoas foram espancadas e aterrorizadas, propriedades do governo foram destruídas, vidas de autoridades eleitas foram ameaçadas e a democracia e a liberdade foram desafiadas.

O Southern Poverty Law Center em Montgomery (Centro Jurídico voltado para pessoas empobrecidas no Sul), relata que em 2023 havia 1430 grupos extremistas de ódio e antigovernamentais identificados nos Estados Unidos, acima dos cerca de 800 em 2008, e esse número continuou a aumentar desde a eleição presidencial de 2016. O número de grupos neonazistas nos EUA aumentou em mais de 22% desde a posse presidencial dos EUA em 2017.

América, encerro lembrando que a pergunta que fiz aos oito líderes religiosos na minha carta de 1963 ainda é aplicável à igreja e ao mundo hoje. "Jesus não era um extremista do amor? A escolha é a mesma de 1963, se vocês serão extremistas do amor ou do ódio. Lembro a vocês os sentimentos que compartilhei no meu sermão de 1957 "Amando Seus Inimigos" de que o amor é a única força capaz de transformar um inimigo em um amigo. Por sua própria natureza, o ódio destrói e derruba; por sua própria natureza, o amor cria e constrói. O amor transforma com poder redentor.

“Jesus não era um extremista do amor? Para aqueles que acreditam que a resposta a essa pergunta é “sim”, sua resposta externa é viver fielmente a ética do amor cristão. Isso significa obedecer ao comando de Jesus de amar o próximo como a si mesmo e amar os inimigos. Isso significa também ser extremista do amor.

Que Deus, que é amor, te abençoe e te guarde nos dias que virão,
Seu irmão, Martin

 

*O Rev. Hunt é o autor do novo livro, Out of Mountains of Despair: A Black Theology of Hope (Fora das Montanhas do Desespero: Uma Teologia Negra de Esperança) e é Pastor Sênior na Epworth Chapel UMC em Baltimore.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected]Para ler mais notícias Metodistas Unidas, assine gratuitamente os resumos quinzenais.

 

 

 

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Paul W. Chilcote, Ph.D.  Pesquisador, Wesley House, Cambridge.

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