Ataque ao Capitólio dos EUA consterna os Metodistas Unidos

Ao longo da noite de 6 de janeiro e no início da manhã, a Revda. Alisa Lasater Wailoo estava trocando mensagens de texto com membros da Igreja Metodista Unida Capitol Hill que estavam sob cerco no Capitólio dos Estados Unidos.

A igreja Capitol Hill, na Fifth Street com a Pennsylvania Avenue, fica a cerca de cinco quarteirões de distância. Muitos membros também moram na vizinhança e conhecem alguém que trabalha no prédio, disse a pastora.

Os Metodistas Unidos de perto e de longe ficaram perturbados com as ações de uma multidão que forçou a entrada no Capitólio dos EUA quando o Congresso estava começando a cumprir seu papel constitucional ao certificar a eleição do próximo presidente dos EUA.

“Estou chocado com o comportamento imprudente de alguns líderes políticos desde a eleição e com a falta de respeito demonstrado hoje por nossas instituições, nossas tradições e nossa aplicação da lei”, disse o ex-presidente George W. Bush, um Metodista Unido, em um comunicado.

“O violento ataque ao Capitólio - e a interrupção de uma reunião do Congresso ordenada pela Constituição - foi empreendida por pessoas cujas paixões foram inflamadas por mentiras e falsas esperanças.”

Na Primeira Igreja Metodista Unida em Arlington Heights, Illinois, os membros se reuniram para um serviço de oração drive-in e vigília à luz de velas.

“Vemos esta noite em DC um sintoma do que aflige nossa nação, nosso mundo e até nós mesmos”, disse a Revda. Melissa Earley. “Que possamos nos comprometer novamente com o trabalho do perdão e que possamos nos comprometer novamente com o trabalho de permanecer na paz de Cristo."

Por fim, os legisladores puderam retornar ao prédio, concluindo o trabalho de confirmação da eleição de Joseph R. Biden Jr. como presidente pouco antes das 4h da manhã, horário do leste dos EUA, 7 de janeiro.

Police confront supporters of President Donald Trump as they demonstrate on the second floor of the U.S. Capitol in Washington near the entrance to the Senate after breaching security defenses on January 6. Photo by Mike Theiler, REUTERS.

"A polícia confronta apoiadores do presidente Donald Trump enquanto eles protestam no segundo andar do Capitólio dos EUA em Washington, perto da entrada do Senado, após violar as defesas de segurança em 6 de janeiro. Foto por Mike Theiler, REUTERS.

Sobre àqueles com os quais Wailoo e outros estavam preocupados, “todos estão em casa e seguros, mas a paz que foi roubada deles ontem é realmente significativa”, disse ela ao Notícias Metodista Unida.

“Parte do que me entristeceu tanto foi ver nossos membros que desistiram de tanto para servir seu país e foram desumanizados e vilanizados por este presidente. E sabemos que a desumanização acaba levando à violência”.

Wailoo disse que sua igreja tem membros republicanos e democratas. “Queremos ser um lugar onde Deus nos reúna e fazemos um trabalho intenso para isso.”

Mas ela acrescentou que desafiar o discurso de ódio e as mentiras, como aquelas sobre fraude, não é sobre política, é sobre seguir o chamado de Jesus para falar a verdade.

As ações da multidão magoaram o coração da Revda. Ianther M. Mills, pastor sênior da Igreja Metodista Unida de Asbury, que nasceu no distrito.

“Nunca na minha vida eu esperaria que algo assim acontecesse”, disse ela. “É claro que estamos orando com mais vigilância por ordem e paz. Ao mesmo tempo, oramos por nós mesmos”.

Os membros de Asbury estavam envolvidos em uma vigília de oração de 24 horas pela paz com várias outras congregações do centro de Washington quando a violenta perturbação ocorreu. Eles já haviam contratado segurança privada porque o banner da igreja Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) foi rasgado e queimado na rua em 12 de dezembro e um banner substituto foi roubado no fim de semana de Natal.

Os escritórios denominacionais no Edifício Metodista Unido no Capitólio foram praticamente fechados por causa da pandemia e não foram perturbados pelos manifestantes.

A Revda. Susan Henry-Crowe lidera a Junta Metodista Unida de Igreja e Sociedade, que tem a sua sede lá. Em nota, ela observou que “a transição pacífica de poder é um pilar da democracia representativa. Mesmo quando afirmamos o direito à reunião pacífica, nada deve interromper este processo democrático.”

O Conselho Nacional de Igrejas também tem escritórios no Edifício Metodista Unido. “Embora apoiemos protestos não violentos, e frequentemente os tenhamos organizado e participado, os manifestantes profanando o Capitólio e perturbando nosso processo democrático justo, não podem ser tolerados ou ficar impunes”, disse o conselho em um comunicado divulgado enquanto os eventos no Capitólio estavam se desenrolando.

O presidente do Seminário Teológico Wesley, uma escola Metodista Unida no noroeste de Washington, falou com emoção sobre o caos no Capitólio.

“Este é o meu jardim da frente”, disse por telefone o reverendo David McAllister-Wilson, líder da escola desde 2002 e residente na área há 39 anos. “Esses terrenos e as pessoas que trabalham lá e nas agências dentro de Beltway são familiares, amigos e nossa vizinhança.”

People at First United Methodist Church in Arlington Heights, Ill., hold candles during a prayer vigil in reaction to violence at the U.S. Capitol. Photo by Anne Marie Gerhardt, Northern Illinois Conference.
Pessoas na Primeira Igreja Metodista Unida em Arlington Heights, Illinois, seguram velas durante uma vigília de oração em reação à violência no Capitólio dos Estados Unidos. Foto de Anne Marie Gerhardt, Conferência do Norte de Illinois.

Em uma declaração postada no site do seminário, McAllister-Wilson pediu orações, mas também telefonemas aos membros do Congresso para “envergonhar aqueles, a começar pelo Presidente Trump, que incitaram está violenta insurreição”.

Wesley teve alunos servindo em estágios no Capitólio e membros do Congresso serviram em seu conselho, e a proximidade da escola com o Capitólio é um atrativo para muitos alunos, disse ele.

Alguns membros Metodistas Unidos do Congresso recorreram às redes sociais para dizer que estavam seguros e para partilhar a sua consternação com a trágica cena.
 
O deputado Greg Steube (R-Fla.) escreveu no Twitter que ele e três outros foram bloqueados em uma sala cercada por manifestantes até que o corredor estivesse livre para eles saírem. 
 
“A violência e a ilegalidade que vimos hoje eram completamente inaceitáveise, como nação, devemos fazer melhor”, escreveu ele. 

A Bispa da Conferência Baltimore-Washington, LaTrelle Easterling, disse que os eventos do dia criaram um momento divisor de águas “para elevar nossas vozes aos céus e avaliar quem nós, como americanos, nos tornamos”.

“Os desordeiros que escalaram as escadas e paredes do Capitólio procuraram derrubar a lei, uma eleição justa e justiça, e alegaram que sua motivação era defender Deus e suas liberdades”, escreveu ela em um comunicado no site da conferência

“Eles agitaram estandartes com as palavras 'Jesus salva', mas não foi isso que Emanuel veio à terra para incorporar. Esta é uma perversão do Evangelho. Isso deve deixar todos nós de joelhos.”

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El mensaje del Evangelio, dijo Easterling, “es un mensaje de amor, pero un amor que dice la verdad y se opone a la inmoralidad.

A mensagem do Evangelho, disse Easterling, “é uma mensagem de amor, mas um amor que fala a verdade e se opõe à imoralidade".

“Como igreja, como cristãos, devemos condenar todas as forças que levaram à insurreição sem precedentes hoje - forças do ódio, da supremacia branca, do interesse próprio distorcido e abuso de poder.”

Emily Jones, Executiva das Mulheres Metodistas Unidas para Justiça Racial, disse que a violência no Capitólio resultou de uma organização de supremacia branca de longa data.
 
O Rev. Jay Williams, pastor da Igreja Union (Metodista Unida) em Boston, estava entre os afro-americanos na denominação que viram um padrão duplo na resposta da polícia no Capitólio.

Williams disse que um protesto Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) com o objetivo de invadir o Capitólio teria sido recebido com uma “rápida repressão” bem antes da entrada.
 
“Mas extremistas brancos radicais, que planejaram publicamente e foram incitados pelo presidente, podem entrar no Capitólio em um dos dias mais sagrados de nosso governo”, disse Williams.

Uma declaração pastoral da Igreja Metodista Unida Foundry, em Washington, enfatizou a necessidade de buscar "mais responsabilidade pela resposta disparatada aos manifestantes pacíficos no verão de 2020 e pelas indignidades diárias vividas por pessoas de cor nesta cidade e além."
 
O Bispo da Conferência da Virgínia, Sharma D. Lewis, orou “por todos os nossos líderes, para que tenham sabedoria, força e compostura para enfrentar os problemas de nosso país” e citou a bênção inspiradora do Rev. Barry Black, Capelão do Senado dos Estados Unidos.

Em uma oração de encerramento para a sessão conjunta, Black deplorou a profanação do edifício do Capitólio e pediu a cura da violência e divisão, de acordo com uma história do New York Times.

 

*Bloom, Brown, Butler e Hodges fazem parte da equipe Notícias MU. Kathy L. Gilbert e Anne Marie Gerhardt contribuíram para esta história. Contato com a mídia de notícias: 615-742-5470 ou [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, assine os resumos quinzenais gratuitos.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected]

 

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