Igreja vê sinais de renovação mesmo quando as desfiliações aumentam

Pontos chave:

• A Igreja Metodista Unida viu cerca de 20% de suas congregações nos EUA se desfiliar desde que uma lei da igreja entrou em vigor, permitindo que as congregações se desfiliassem com propriedades.
• Mas isso também significa que cerca de 80% das igrejas metodistas unidas dos EUA permanecem.
• Muitas conferências anuais nos Estados Unidos veem oportunidades de crescimento tanto para suas igrejas existentes quanto para as novas.

Para muitos Metodistas Unidos nos EUA, o familiar hino de abertura da conferência anual “And Are We Yet Alive” E nós ainda estamos vivos) teve uma ressonância especial este ano.

Os órgãos regionais da denominação tinham acabado de passar por outra temporada cansativa de aprovação de desfiliações de igrejas nos Estados Unidos. Os metodistas unidos dedicados tinham bons motivos para cantar as palavras de Charles Wesley com entusiasmo - que eles ainda podiam “ver o rosto um do outro” e se unir para louvar a Jesus “por Sua graça redentora”.

Como outras denominações protestantes tradicionais nos EUA fizeram anteriormente, a Igreja Metodista Unida está passando por sua própria separação após décadas de conflitos internos sobre o papel das pessoas LGBTQ na vida da igreja.

 

Os dados do Lewis Center for Church Leadership mostram a distribuição regional das igrejas Metodistas Unidas em comparação com a distribuição regional das desfiliações. Gráfico cortesia do Lewis Center.

Mas em meio à tristeza das despedidas, muitas reuniões da conferência anual dos EUA em maio e junho deram as boas-vindas às novas comunidades religiosas metodistas unidas e celebraram um compromisso renovado de compartilhar as boas novas da graça de Cristo fora dos muros da igreja.

“As pessoas que estão na sala são as pessoas que querem ser metodistas unidas”, disse o presidente do Conselho de Bispos, Thomas J. Bickerton, que também lidera a Conferência de Nova York. “Eles querem recuperar um senso de propósito. E assim, ao lado do lamento e da dor, está a esperança e a alegria.”

No final de junho, uma revisão da Notícias Metodista Unida descobriu que as conferências anuais dos EUA aprovaram a saída de 6.181 igrejas com propriedades. Isso se traduz em cerca de 20% das congregações dos EUA - ou uma em cada cinco - se retirando desde que uma lei da igreja permitindo desfiliações entrou em vigor há quatro anos.

Várias conferências anuais agendaram ou planejam provisoriamente realizar mais sessões especiais para considerar as resoluções de desfiliação antes que a lei da igreja expire no final do ano.

Mas, por enquanto, cerca de 80% das congregações metodistas unidas dos EUA – ou oito em cada 10 – permanecem na denominação, e muitos observadores de longa data da igreja veem motivos para esperar que a maré de desfiliação esteja começando a diminuir.

Também ainda não se sabe quanta perda de adesão as desfiliações representam. Isso ocorre em grande parte porque vários membros de congregações que estão saindo estão optando por permanecer metodistas unidos, transferindo-se para outras igrejas e ajudando-as a crescer ou plantando novas comunidades religiosas metodistas unidas.

Jesus comparou seus discípulos a ramos de videira que precisam ser podados para florescer, e muitos metodistas unidos também veem o potencial de que a atual poda de raiva e lutas internas permitirá que a igreja dê mais frutos.

Pat Luna, metodista unida vitalícia, disse que deixou a Conferência Anual Alabama-West Florida sentindo-se encorajada.

“As pessoas que permanecem na Igreja Metodista Unida estão animadas, animadas e prontas para seguir em direção ao futuro, onde acreditamos que Deus está nos levando”, disse Luna, uma das leigas que lideram os esforços de base para promover a Igreja Metodista Unida.

A Revda. Kim Goddard disse à Conferência Anual de Holston que ela e outros superintendentes distritais - que estiveram na linha de frente da administração de votos de desfiliação - mudaram sua conversa "para uma nova palavra com 'D'".

"Não desfiliação", disse ela. “Essa palavra é discipulado.”

Os superintendentes distritais não estão sozinhos nessa mudança. “Eu perguntei às pessoas, 'Como você se sente sobre esta conferência anual e como está indo?'” disse Goddard à Notícias MU. “Muitos disseram: 'Parece um renascimento'.”

Ainda assim, ela reconheceu que chegar a esse ponto às vezes foi doloroso e envolveu muita oração.

A tumultuada Conferência Geral especial de 2019 – que por uma votação relativamente estreita fortaleceu as proibições da denominação a casamentos entre pessoas do mesmo sexo e clérigos gays não celibatários – também acrescentou a lei da igreja que permite que as congregações dos EUA deixem a denominação com propriedades se atenderem a certos requisitos financeiros e processuais condições.

Na maioria das vezes, as igrejas Metodistas Unidas e os indivíduos que se opõem a essas proibições optaram por permanecer no redil Metodista Unido.

As saídas da Igreja aceleraram após o lançamento no ano passado da Igreja Metodista Global, uma denominação conservadora e separatista que visa manter as proibições relacionadas à homossexualidade. Desde então, a nova denominação relata que quase 3.000 igrejas se uniram. Cinco ex-bispos metodistas unidos - J. Michael Lowry, Scott Jones, Mark J. Webb, Robert Hayes e Young Jin Cho - também partiram para a Igreja Metodista Global.

Embora nem todas as igrejas existentes estejam se unindo à Igreja Metodista Global nem todas estejam saindo por causa de diferenças sobre a homossexualidade, a maioria tende a ser mais conservadora. Os requisitos de desfiliação incluem um voto de pelo menos dois terços dos membros de uma igreja para sair e que sua conferência anual - composta por eleitores leigos e clérigos de várias congregações - aprove a saída da igreja por maioria de votos.

Goddard, o superintendente distrital da Conferência de Holston, sofreu algumas perdas particularmente dolorosas. A Conferência de Holston, que abrange igrejas no leste do Tennessee, sul da Virgínia e parte do norte da Geórgia, aprovou a desfiliação de 264 igrejas – ou cerca de 31% do total de suas congregações. Desses, 55 estavam no distrito predominantemente rural da Virgínia que Goddard supervisiona.  

“Administrava o voto de uma igreja que servi como recém-casada”, disse ela. “Meu marido e eu nos casamos em maio, fui a esta igreja em junho e nossa primeira filha nasceu lá. E então essas eram pessoas que eu conhecia bem. Quando anunciei seu voto pela desfiliação, eles bateram palmas. Isso foi difícil.

Muitos dos votos da igreja que ela administrou foram unânimes. Mas uma coisa engraçada aconteceu na saída dessas igrejas. Ela disse que alguns membros dessas igrejas “unânimes” se juntaram a outras congregações Metodistas Unidas na área.

“Eram pessoas que não eram a favor disso e simplesmente não compareceram para votar”, disse ela. “E acho que isso está acontecendo em muitas de nossas pequenas igrejas.”

Scott Thumma, diretor do Instituto Hartford de Pesquisa Religiosa da Hartford International University, disse que a Igreja Metodista Unida já perdeu o dobro ou mais de igrejas do que outras denominações protestantes tradicionais que passaram por divisões semelhantes.

A razão para isso, disse ele, pode ser porque a Igreja Metodista Unida há muito é uma denominação de “grande tenda” com uma maior diversidade de posições teológicas, bem como uma maior distribuição geográfica nos Estados Unidos, especialmente nas partes rurais do país. A Igreja Metodista Unida também tem sido a maior denominação protestante nos Estados Unidos.

“A IMU ainda continua sendo uma presença grande e significativa no mundo protestante tradicional”, disse Thumma. “Pode-se dizer que a saída da parte mais conservadora da denominação pode permitir que o restante crie uma visão mais rígida e coerente”.

O número de desfiliações tem variado muito por região, com conferências no sul dos EUA vendo a maioria das saídas da igreja. Talvez não seja surpreendente em uma denominação cuja história se alinha tão intimamente com a dos Estados Unidos, que o mapa de desfiliação também é semelhante aos mapas vermelho e azul no dia da eleição - com as áreas vermelhas mais conservadoras vendo mais desfiliações de igrejas em comparação com as mais áreas azuis progressivas.

Ainda assim, a divisão atual empalidece em comparação com a grande divisão metodista dos EUA sobre a escravidão em 1844, uma precursora da Guerra Civil dos EUA. O Rev. Lovett H. Weems Jr., consultor sênior do Lewis Center for Church que está trabalhando em relatórios detalhados sobre desfiliações da igreja, disse que a divisão de 1844 levou cerca de 40% dos membros da Igreja Metodista Episcopal a partirem para a Igreja Metodista Episcopal do Sul. Registros denominacionais rastreavam membros em vez de igrejas naquela época.

Ashley Boggan, historiadora e principal executiva da Comissão Metodista Unida de Arquivos e História, vê uma oportunidade para o povo chamado Metodista Unido usar este período de separação para se tornar um novo povo.

“Em nossas divisões e fusões anteriores, parece claro que raramente aproveitamos esses momentos de transição para realmente descobrir quem somos e proclamar com ousadia nossa identidade, nossa missão, nosso espaço no mundo”, disse ela. Mesmo quando a Igreja Metodista Episcopal viu várias novas denominações romperem em seu primeiro século de existência, ela disse, a igreja mãe recusou-se a mudar por medo de perder mais membros. “E quando você permite que os números e o medo conduzam a missão, a missão é infrutífera”, disse ela.

Muitos Metodistas Unidos já parecem dispostos a tentar algo novo.

A Conferência Northwest Texas  tem, de longe, a maior porcentagem de desfiliações de igrejas, com cerca de 80% de suas congregações rompendo laços com a Igreja Metodista Unida. Mas mesmo nesta área que abrange a região de Panhandle do Texas, “ há uma enorme energia popular para repovoar aquela região com pontos de presença do ministério Metodista Unido”, disse o Rev. Paul Nixon, um plantador de igrejas Metodista Unida.

A partir de 20 de julho, Nixon está se unindo aos Ministérios de Discipulado da denominação para liderar um curso online Launchpad já esgotado para Metodistas Unidos, lançando novas igrejas e associações após desfiliações. Estão inscritas 27 equipas, representando cerca de 75 participantes.

A Conferência Western North Carolina iniciou uma nova iniciativa que remonta à velha tradição metodista de circuit- riders (cavaleiros de circuito). Em áreas deixadas sem presença metodista unida nas proximidades, a conferência está enviando um novo quadro de 16 “pastores comunitários emergentes” que, em vez de serem designados para igrejas existentes, são designados para uma comunidade ou área geográfica.

A conferência e a vizinha Conferência da North Carolina também receberam doações de $ 5,25 milhões da Duke Endowment para apoiar a criação de novas comunidades religiosas metodistas unidas.

 

Para áreas deixadas com uma presença metodista unida diminuída, a Conferência da Western North Carolina está enviando um novo quadro de pastores comunitários emergentes que são nomeados para uma comunidade, não para igrejas existentes. O esforço traz a tradição dos cavaleiros de circuito que ajudaram a difundir o metodismo nos primeiros anos dos Estados Unidos. Foto cortesia da Conferência Western North Carolina.

A Revda. Lucy Robbins, cujo campo missionário multiétnico inclui a área de Biltmore ao redor de Asheville, Carolina do Norte, disse que planeja construir relacionamentos com a comunidade predominantemente afro-americana em Shiloh e alcançar a grande comunidade LGBTQ de Asheville.

“Como pastora da incrível comunidade de fé de Biltmore, estou entusiasmada, ansiosa e esperançosa sobre como nós, com a orientação do Espírito de Deus, continuaremos a alcançar novas pessoas de maneiras inovadoras e intencionais neste novo capítulo do ministério”, disse ela.

A Conferência do Texas, que viu cerca de metade de suas igrejas se desfiliarem, já está plantando novas igrejas no que seriam “desertos Metodistas Unidos”. Desde o final do ano passado, metodistas unidos leigos comprometidos iniciaram nove novas comunidades de fé na conferência que se estende desde a área de Houston até East Texas Piney Woods.

As pessoas da Conferência do Texas estão prontas, disse a Bispa Cynthia Fierro Harvey, que lidera a conferência desde janeiro. “A área está experimentando um crescimento explosivo”, disse ela, “e temos a oportunidade de desempenhar um papel importante no restabelecimento de uma presença Metodista Unida, ampliando nosso testemunho Metodista Unido e recuperando nossa identidade Metodista Unida e paixão pela missão.”

Goddard, da Conferência de Holston, colocou desta forma: “Não há razão para desperdiçar uma boa crise. Eu realmente acho que podemos ter um futuro muito melhor depois de passar por isso.”

*Hahn é editora assistente de notícias da Notícias MU. Entre em contato com ela em (615) 742-5470 ou  [email protected]. 

** Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected]. Para ler mais notícias Metodistas Unidos, ideias de ministério e inspiração, inscreva-se gratuitamente no UMCOMtigo.