Os Metodistas Unidos tentaram chegar a um acordo com uma Conferência Geral desrtinada a unificar, mas em vez disso destacou divisões e teve todos os lados manifestando um alto nível de dor.
"Catastrófico" foi o julgamento sumário do Rev. James Howell, um delegado da Western North Carolina Conference. “A igreja como nós conhecemos não existirá mais. Vai se romper de diferentes maneiras”, disse ele.
Patricia Miller serviu na Comissão Um Caminho a Seguir, nomeada pelos bispos para ajudar a propor opções legislativas para abordar o impasse da denominação sobre a homossexualidade, e o Plano Tradicionalista apoiado por ela prevaleceu.
"Não há alegria para nenhum de nós em todo este debate", disse Miller. "É doloroso para todos nós".
A sessão legislativa especial foi convocada pelos bispos para tentar lidar com o longo conflito da denominação sobre a aceitação da homossexualidade. A Conferência Geral é a principal assembleia legislativa da Igreja Metodista Unida, composta por delegados de todo o mundo.
No final, os delegados aprovaram por uma margem de 438 a 384 votos, o Plano Tradicional, que retém as restrições da lei da Igreja contra a homossexualidade e busca uma aplicação mais estrita.
O Plano Uma Igreja, apoiado pela maioria dos bispos da denominação, foi derrotado. Ele teria permitido às igrejas e conferências dos EUA sediarem uniões de pessoas do mesmo sexo e ordenarem clérigos abertamente homossexuais.
Os efeitos da legislação aprovada não são claros, dadas as questões constitucionais que serão abordadas pelo Conselho Judicial, a Suprema Corte da denominação, que se reúne em abril. Partes do plano já foram declaradas inconstitucionais.
Mas a resposta no último dia da Conferência Geral pelos defensores da inclusão total das pessoas LGBT incluiu várias manifestações, discursos em lágrimas e muitas vezes furiosos, acusações de violações de ética por parte de organizadores tradicionalistas e contestação de decisões parlamentares por um bispo presidente.
O bispo Julius Trimble, da Conferência de Indiana, estava entre muitos comentando o nível de sua dor. "As pessoas, particularmente os jovens, estão sofrendo", disse ele em um post no Twitter.
O Rev. Sky McCracken, um delegado da Conferência de Memphis, falou abertamente sobre o processo que ele testemunhou. "Acredito que a Conferência Geral tornou-se um corpo intratável", disse ele. "Nós nos legislamos em ineficácia e diminuímos nosso testemunho".
A Rev. Forbes Matonga, delegada da Conferência do Zimbabué Ocidental, apoiou o Plano Tradicional. Ela disse que a Bíblia exige que o casamento seja limitado a um homem e uma mulher. Mas Matonga apelou para uma nova abordagem à governação Metodista Unida. "Enquanto se trata da parte parlamentar, é sobre ganhar e perder, e naturalmente cria algumas rachaduras", disse ela.
O Bispo Grant Hagiya lamentou a aprovação do Plano Tradicional, mas disse que a política Metodista Unida, combinada com profundas divisões sobre a inclusão LGBT, quase garantiu um resultado infeliz. "Temos que encontrar uma nova maneira de fazer isso", disse Hagiya, que lidera a área da igreja em Los Angeles.
O Rev. Adam Hamilton, um delegado das Great Plains, disse que ouviu de muitas pessoas que elas se perguntam se podem permanecer na Igreja Metodista Unida, dada a passagem do Plano Tradicional. "Eu não estou pronto para desistir da igreja neste momento, mas eu acho que com essa aplicação agressiva, haverá muitas pessoas pensando em sair", disse ele.
A Rev. Donna Pritchard, delegada da Conferência Oregon-Idaho, prometeu que a Jurisdição Ocidental - que elegeu a reverenda Karen Oliveto, uma lésbica, como bispa - permaneceria e seguiria seu caminho progressista. "A Jurisdição Ocidental pretende continuar a ser uma igreja, totalmente inclusiva e aberta a todos os filhos de Deus em todo o espectro teológico e social", disse ela.
Líderes dos seminários Metodistas Unidos juntaram-se em uma declaração implorando que o Plano Tradicional fosse rejeitado, argumentando que isso afastaria os jovens nos EUA do ministério na denominação. "Se o Plano Tradicional passar, logo perderemos toda uma geração de liderança aqui nos Estados Unidos", disseram eles.
O Rev. David McAllister-Wilson, presidente do Seminário Teológico Wesley, explicou sua preocupação em uma entrevista. "A igreja que foi revelada neste debate aqui em St. Louis não é a igreja que nós entendemos que estamos servindo", disse ele.
O Rev. Kah-Jin Jeffrey Kuan, presidente do Seminário Teológico Claremont, disse que a infelicidade dos seminários com a passagem do Plano Tradicional é profunda. "Alguns de nossos seminários podem considerar deixar a denominação", disse ele.
A Rev. Susan Henry-Crowe, principal executiva da denominação da Junta Metodista Unida de Igreja e Sociedade, registrou seu desalento em um comunicado. “A Conferência Geral especial da Igreja Metodista Unida falhou na terça-feira (26 de fevereiro) em amar as pessoas LGBTQIA, reconhecer os seus dons na igreja, manter a nossa unidade no meio da diversidade e em viver o nosso mandato do Evangelho para buscar justiça e buscar a paz", disse ela.
Mas o reverendo Isaac Bodje, um delegado da Costa do Marfim, disse que o resultado foi exigido pela Bíblia e pela tradição cristã. "Temos entre nós duas abordagens diferentes", disse ele. “O mundo impacta a igreja ou a igreja impacta o mundo?”.
O reverendo David Watson, professor de Novo Testamento e reitor no Seminário Teológico United, em Dayton, Ohio, disse que o encontro legislativo não produziu verdadeiros vencedores. "Esta conferência foi devastadora por causa dos danos que causou aos nossos relacionamentos", disse ele.
O Rev. Chiondzi Wellington, um estudante zimbabuano no Seminário Teológico Evangélico Garrett, em Evanston, Illinois, teve uma reação semelhante imediatamente após a votação do Plano Tradicional. "As decisões terão um grande impacto no futuro da igreja", disse ele. “Não tenho certeza se os relacionamentos em toda a igreja serão os mesmos depois disso. Eu estou muito ansioso".
O Rev. Rob Renfroe é presidente da Good News, o grupo de defesa tradicionalista não oficial dentro da denominação e uma força organizadora por trás do Plano Tradicional. Ele ficou feliz por ter passado, mas desculpou-se pelas circunstâncias.
"Eu acho que as pessoas estão frustradas, feridas, com raiva", disse ele. "Eles estão encontrando maneiras diferentes de expressar isso".
Renfroe colocou grande parte da culpa nos bispos, dizendo que o Plano Uma Igreja era essencialmente uma reprise de esforços que haviam fracassado nas Conferências Gerais anteriores.
Ele insistiu que grupos tradicionalistas estavam abertos a novas idéias, mas não a uma abordagem de “concordar em discordar”.
"Eles forçaram uma briga entre nós", disse ele. “Não vamos nos afastar do que achamos importante para a igreja. Tivemos que criar um forte esforço para defender o que pensamos ser bíblico”. Renfroe sugeriu que se aproxima a hora de uma cúpula não legislativa considerar opções.
“Minha esperança é que depois que os líderes processarem o que aconteceu, eles perceberão que agora é hora de fazer o que deveríamos ter feito saindo de Portland (local da Conferência Geral de 2016), que é sentar juntos e dizer: ʽComo podemos começar a trabalhar para criar uma solução para que não permaneçamos nessa narrativa de vir e lutar”, disse ele.
O reverendo Stan Copeland, pastor da Igreja Metodista Unida Lovers Lane, em Dallas, ajudou a liderar o grupo Uniting Methodists em seu apoio ao Plano Uma Igreja, mas ele concordou que é hora de pensar criativamente e esperar de novo. “Tem que haver um verdadeiro encontro de mentes e corações, e eu acho que haverá, porque nós alcançamos o fundo do poço na medida em que lutamos e brigamos”.
*Hodges é um escritor localizado em Dallas para o Serviço Metodista Unido de Notícias. Heather Hahn, Kathy Gilbert, Linda Bloom, o Rev. Taylor Burton-Edwards e Joey Butler contribuíram. Entre em contato com eles pelo telefone 615-742-5470 ou [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, assine os resumos diários ou semanais gratuitos.
** Sara Novaes é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina @umcom.org