Mulheres Grávidas clamam pela reabilitação do hospital


Pontos Chaves

 • Em caso de complicações de partos, as mulheres percorrem 40km para encontrar o socorro.

 • Pelodistanciamento dos povoados da localidade de Maqueze, só era possível aproximar-se das mulheres grávidasatravés duma motorizada que já está avariada.

 • Enfermeiros de Maqueze não trabalham só pelo salário, mas pelo amor àsua profissão e aosnecessitados.


Um edifício hospitalar, cinco compartimentos para diversos serviços, sete funcionários em diversas especialidades, atendem em média diária 50 doentes, incluindo, principalmente, mulheres grávidas que aguardam pelo parto. Todos estes estão em alerta máxima por temer pelo desabamento da sua unidade hospitalar, na localidade de Maqueze, distrito de Chibuto —  Província de Gaza.

Aquela unidade hospitalar, pertença da Igreja Metodista Unida em Moçambique, distancia-se cerca de 382km do Hospital Rural de Chicuque, maior unidade sanitária da Igreja, naProvíncia de Inhambane.

“Sempre que eu viajava em trabalho e por vezes passando por Maqueze para visitar o meu projecto pessoal, o meu coração ficava comovido com duas situacões que via naquela comunidade: A falta duma unidade sanitária, e  a falta dum furo de água potável,’’ explicou-nos o bispo Emérito João Somane Machado.

O hospital distrital de Chibuto está a uma distância de 40km de Maqueze, sem nenhum meio de transporte que liga a comunidade da vila sede distrital.

“A situação era comovente, penosa e constrangedora, sobretudo para mulheres grávidas que percorreriam cerca de 36km para chegar ao posto de Hlanganine, sem garantias no entanto de receber serviços adequados de saúde,” continuou Machado.

O edifício hospitalar e o furo de água lá construídos, pertencem à Metodista Unida. Estes, foram construídos na década de 1990 graças a generosidade dos parceiros da Igreja nos Estado Unidos, que, após ouvirem o grito de socorro do então Bispo Machado, responderam positivamente a essa causa.

“Infelizmente, de 2017 para esta parte, voltamos a consumir água imprópria por causa da avaria do furo de água,” disse a senhora Teresa Nuvunga, membro da comunidade e uma das parturientes que encontramos naquele hospital.

“Agora, para além do problema da água, estamos a ver o nosso hospital a degradar-se e com o risco de cair a qualquer dia,” lamentou Nuvunga.

Aquelas infra-estruturas em Maqueze, beneficiam directamente 1.435 famílias, e tantas outras que se encontram na vizinhança.

No mês de agosto, uma delegação, a nível da Conferência Anual, chefiada pela reverenda Maria João Matsinhe, Coordenadora de Saúde Pública, visitou Maqueze para se inteirar da real situação daquele hospital. Antes de chegar a Maqueze, a delegação teve uma audiência com o administrador e o director distrital de Saúde de Chibuto, para melhor se inteirar da questão de saúde a nível do distrito.

“No distrito, temos vinte unidades sanitárias,” disse José Carlos Murona, director distrital de saúde de Chibuto.

“O hospital de Ateate, está na fase conclusiva das obras e se espera inaugurá-la brevemente. Esta unidade, irá atender cerca de 10.000 habitantes que distam-se mais de 35km de Maqueze.”

“Na verdade, temos visto com muita preocupação que deste universo de unidades sanitárias no nosso distrito, o edifício em estado de alerta máxima é o de Maqueze,” continou Murona.

Entretanto, soubemos do nosso interlocutor que uma delegação de peritos de Construção e Infra-estruturas do Ministério da Saúde a nível distrital, fez-se ao local há dias, para avaliar o estado do imóvel, tendo constatado que houve falhas no acto de construção, porque este foi feito de blocos de argila, e não tendo levado sequer uma viga de segurança.

“O edificio hospitalar necessita de um estudo mais aprofundado para a sua reabilitação. Pois, caso conclua-se que a sua fragilidade é maior, então, nada mais restará senão mesmo a sua demolição e posterior reconstrução,” concluiu Murona.

Com vista a garantir melhor alojamento para os funcionários afectos naquela unidade, o ministério de Saúde conseguiu pequenos fundos para a construção de um bloco residêncial para os enfermeiros.

“Há um contributo da comunidade local muito notável e louvável. Pois, conseguimos ver que, sob a liderança dos seus chefes, construiu uma Casa Mãe Espera,” disse Rev Maria Matsinhe, Coordenadora de Saúde Pública a nível da Conferência.

Alcinda Sebastiao Muhlanga, uma das pacientes no recinto hospitalar de Maqueze, com o seu bebe no colo. Foto de Antonio Wilson. 
Alcinda Sebastiao Muhlanga, uma das pacientes no recinto hospitalar de Maqueze, com o seu bebe no colo. Foto de Antonio Wilson.

“Este acto, mostra que eles têm este hospital como seu, e que sempre que precisarem de alguma coisa, estarão disponíveis para darem a sua mão,” enalteceu Matsinhe.

Respondendo a nossa questão sobre o número de povoados que formam Maqueze, a enfermeira da Saúde Materna Infantil (SMI) Albertina Ricardo afirmou: “Maqueze é formado por 16 povoados, sendo as mais distantes localizadas a 50km daqui da sede Maqueze.”

“Essas comunidades, chegavamos a elas usando a motorizada, único meio de transporte que tínhamos, que infelizmente agora encontra-se avariada,” lamentou Ricardo.

Pelo que pode contar a enfermeira Ricardo, com uma extensão geográfica dessa natureza, é perceptível que mulheres grávidas, crianças e idosos enfrentam sérias dificuldades de mobilidade para chegarem a unidade sanitária.

Questionada sobre o que tem feito em casos de um paciente com doença que precisa de atenção especializada, Ricardo respondeu: “Para as mães parturientes por exemplo, em caso de um parto complicado, a única forma de termos o socorro, é chamar a ambulância que reside na sede do distrito em Chibuto, que está a 45km daqui,” concluiu a enfermeira Ricardo.

“Em relação a Casa Mãe Espera, aqui nos sentimos mais confortáveis, mas seria bom que tivessemos uma casa maior, onde podemos ser alojadas com o mínimo de distância, sobretudo neste período de pandemia,”disse a gestante Joana Simango.

Em relação a dedicação das enfermeiras, a paciente Alcinda Sebastião Muhlanga afirmou:

“Embora com a realidade de falta de condições de habitação e estado precário do edifício hospitalar, as enfermeiras têm redobrado os esforços, não só pelo salário, mas também pelo amor ao trabalho”.

A delegação constatou em Maqueze a necessidade urgente de uma reabilitação e ampliação do edifício para permitir o descongestionamento de alguns sectores que pela natureza dos seus serviços não podiam compartilhar o mesmo espaço.

“Notámos e escutamos com grande preocupação as necessidades do hospital de Maqueze,” afirmou Matsinhe. “O hospital, carece de quase tudo, como do material hospitalar diverso, duma incineradora, equipamento adequado de maternidade, vedação do pátio, construção de mais casas de banhos para responder a demanda, abertura de um furo de água no local para aliviar o sofrimento das enfermeiras para encontrar o líquido precioso e, se possível, alocar um meio de transporte para responder as exigências da distância e emergência por conta da localização do hospital de Maqueze em relação à sede do distrito de Chibuto,” sublinhou Matsinhe.

“Não vim para trazer soluções,” reiterou Matsinhe, “mas para inteirar-me da realidade aqui vivida neste hospital. O que vi e ouvi, será partilhado através de um relatório exaustivo com a liderança da Igreja. Depois poderemos desenvolver um plano de arrecadação de fundos com vista a solucionarmos os problemas apresentados, tanto pelos pacientes, bem como pelo pessoal de saúde, dado que até ao momento, não há nenhum fundo aprovado pelo Advance nem pela Saúde Global para atender as necessidades deste hospital,” concluiu Matsinhe.

*Wilsoné o comunicador da Conferência de Sul de Mocambique das Notícias Metodista Unida. Contacto com a imprensa: Rev. Gustavo Vasquez, editor de notícias, [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, inscreva-se nos resumos quinzenais gratuitos.

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