Pontos Chave:
- A Comissão da Conferência Geral afirma que 73% dos delegados de África, Filipinas, Europa e Eurásia estão confirmados para estarem na Conferência Geral que começa a 23 de Abril em Charlotte, Carolina do Norte.
- Mas não está claro quantos dos delegados restantes poderão participar.
- Alguns Metodistas Unidos Africanos alertaram que a sua parte da igreja estará significativamente sub-representada em Charlotte.
- As opiniões variam sobre se os membros do pessoal da Conferência Geral fizeram tudo o que podiam para ajudar os delegados a superar os obstáculos aos vistos.
Os responsáveis Metodistas Unidos estão a reconhecer uma luta para conseguir delegados de África e de outras partes da igreja fora dos EUA para a Conferência Geral, a assembleia legislativa crucial que se reúne a 23 de Abril em Charlotte, Carolina do Norte.
A Comissão da Conferência Geral informou num comunicado de imprensa de 18 de Abril que 269 delegados – representando 73% dos delegados atribuídos de África, Filipinas, Europa e Eurásia – estão confirmados. Mas a comissão disse que 39 desses delegados – 11% – não comparecerão e não haverá substitutos disponíveis.
As perspectivas de chegada de outros permanecem incertas.
A comissão disse que 62 delegados das conferências centrais “poderiam potencialmente estar sentados,” o que significaria 89% de participação dessas áreas. Mas a comissão disse que 46 desses delegados “não comunicaram o seu estado”.
As conferências centrais são regiões eclesiásticas em África, Europa e Filipinas.
“A coordenação da organização de viagens continuará à medida em que os vistos forem aprovados para acomodar o maior número possível de delegados, desde que a sua viagem lhes permita participar na Conferência Geral,” disse a comissão.
Vistos negados e incapacidade de obter passaporte ou entrevistas para vistos foram citados pela comissão como os principais motivos pelos quais os delegados não chegarão a Charlotte.
Todas as Conferências Gerais têm consequências, mas esta surge depois de uma onda de desfiliações e verá os delegados tomarem uma série de decisões cruciais para o futuro do Metodismo Unido.
Esta Conferência Geral tem 862 delegados votantes, sendo 55,9% dos EUA, 32% de África, 4,6% da Europa/Eurásia e o restante de igrejas concordatas que têm laços estreitos com a Igreja Metodista Unida.
Embora a comissão não tenha apresentado uma repartição por região, África é claramente a área com maior probabilidade de estar gravemente sub-representada. Espera-se que as Filipinas, a segunda maior área fora dos EUA em delegados, tenham representação plena, disse no local um oficial da igreja.
Nas últimas semanas, os líderes de três grupos Africanos da representação – Fórum Africano Metodista Unido, Voz da Unidade Africana e Iniciativa Africana – expressaram preocupação com relação aos lugares vazios entre as delegações das conferências anuais Africanas.
“Haverá mais de 70 delegados de África que não poderão participar,” previu recentemente o Rev. Ande Emmanuel, líder da Voz da Unidade de África e delegado da Conferência Anual do Sul da Nigéria, às Noticias da Metodista Unida.
Os relatórios das Noticias da MU sugerem que as conferências anuais na Libéria, na Nigéria e na Costa do Marfim estão entre aquelas que poderão ter uma elevada percentagem de ausentes.
“O que temos certeza é que muitos dos nossos delegados não poderão viajar,” disse por e-mail o Rev. Philippe Adjobi, superintendente distrital da Conferência Anual da Costa do Marfim e membro do gabinete do Bispo Benjamin Boni. “Nós nos perguntamos o que será desta Conferência Geral?”
Justine Kaluwazhi é uma delegada da Conferência Anual da Zâmbia que recentemente enviou uma mensagem às Noticias da MU, dizendo que o seu pedido de visto para os EUA tinha sido recusado.
“Assim que estou (eu) falando, as lágrimas estão saindo por causa de perder eventos tão importantes,” disse ela às Noticias da MU por e-mail.
Titus Bellison é um delegado leigo da Conferência do Norte da Nigéria que também não comparecerá à Conferência Geral, por não ter conseguido obter um visto a tempo. Ele disse por e-mail que achava que o pessoal da Conferência Geral poderia ter feito mais para trabalhar com os funcionários da embaixada dos EUA para ajudarem a garantir os vistos.
“Embora não possamos comparecer e nenhuma provisão (tenha sido feita) para que participemos online, desejo a todos os delegados que comparecerem a Charlotte uma deliberação bem-sucedida,” disse Bellison.
Os delegados ausentes são uma realidade de todas as Conferências Gerais.
Na Conferência Geral Especial de 2019 em St. Louis, 31 delegados não compareceram, principalmente devido a questões de visto. Na Conferência Geral de 2012 em Tampa, a Comissão de Credenciais informou que 952 delegados de um total de 988 autorizados tinham “estatuto de credencial”.
“Uma faixa de 30-40 ausências não é incomum,” disse o Rev. Alan Morrison, ex-gestor dos assuntos da Conferência Geral.
O côro da AU cancela
Tornou-se uma tradição da Conferência Geral ouvir o côro da África University, a escola Metodista Unida pan-Africana no Zimbabué.
O coral estava programado para ser uma grande parte da Conferência Geral que começa a 23 de Abril em Charlotte, Carolina do Norte, mas teve que cancelar no mês passado – devido às dificuldades para conseguir vistos para os Estados Unidos.
“É devastador para os jovens,” disse James Salley, presidente e CEO da Africa University Inc. e vice-reitor associado para o avanço institucional da Africa University.
Salley, um delegado de longa data da Conferência Geral, disse que 16 estudantes e dois directores tinham planificado para vir.
“Não é como se tivéssemos 18 Zimbabueanos a se candidatarem,” disse Salley.
Mas os obstáculos já foram superados antes. Salley disse que o côro fez sua estreia na Conferência Geral em 1996 e tem se apresentado em todas as Conferências Gerais desde então, excepto a Conferência Geral Especial de 2019 em St. Louis.
“De todas as coisas que procuravam nos dividir, a África University e o côro foram algo que nos uniu,” disse Salley.
A Conferência Geral em Charlotte poderá ver o dobro disso, embora a situação esteja mudando e os delegados possam chegar após o início da conferência.
Os responsáveis da Igreja apontam para desafios especiais.
Esta Conferência Geral estava suposto a acontecer em 2020, mas foi adiada duas vezes devido à pandemia de COVID, que também afectou os tempos de espera para marcações de entrevistas de vistos nas embaixadas e consulados dos EUA.
A Conferência Geral de 2019 viu casos de votação por pessoas que não eram elegíveis para o fazer, o que levou a Comissão da Conferência Geral a introduzir salvaguardas adicionais.
“Acredito que embora tenha havido dificuldades significativas, o esforço para se ter a plena participação de todos os delegados das Conferências Centrais na Conferência Geral por parte do pessoal da comissão foi completa,” disse o Presidente do Conselho dos Bispos, Thomas J. Bickerton. “O nível de complexidade com que a comissão está a lidar é maior do que qualquer um de nós poderia imaginar.”
Kim Simpson, presidente da Comissão da Conferência Geral, também defendeu o pessoal.
“O processo foi simplesmente mais difícil do que o previsto,” disse ela. “Apesar das inúmeras tentativas de chegar às pessoas e transmitir as necessidades, muitas vezes não recebíamos informações correctas e legais para que os delegados devidamente eleitos obtivessem a documentação necessária para eles.”
Os comentários de Simpson e Bickerton estavam na Comissão sobre o comunicado de imprensa da Conferência Geral, que dizia que o pessoal da comissão começou cedo a ajudar os delegados a obter vistos, antecipando atrasos.
Mas Emmanuel e Adjobi disseram que as cartas oficiais de convite para a Conferência Geral – importantes para a obtenção de um visto – demoraram a chegar. No ano passado, a comissão da Conferência Geral pediu aos funcionários que começassem a enviar cartas-convite imediatamente após a reunião de Maio da comissão e que a comissão recebesse actualizações sobre quantas cartas foram enviadas.
“O que posso dizer é que depois de vários lembretes, tanto do secretariado da conferência anual como dos próprios interessados, as últimas cartas-convite – cerca de 10 – chegaram até nós em 30 de Março de 2024,” disse Adjobi. “Julgue por si mesmo.”
Alguns Africanos também dizem que não foi feito o suficiente para levar os delegados suplentes Africanos a Charlotte, para garantir a representação. E tem havido reclamações sobre atrasos na organização de viagens.
“Neste momento, temos delegados que não receberam os seus bilhetes enquanto têm vistos,” disse o Rev. Lloyd Nyarota do Fórum Africano Metodista Unido, num texto de 18 de Abril.
Jorge Lockward é membro da Comissão da Conferência Geral. Embora ele esteja feliz que o pessoal da conferência tenha relatado a situação do número de delegados, ele não está satisfeito com seu trabalho em ajudar delegados de fora dos EUA a obter vistos e vôos para Charlotte.
“Esperar desnecessariamente pela confirmação de uma passagem aérea transcontinental uma semana antes da Conferência Geral é ao mesmo tempo sem precedentes e estressante,” disse Lockward. “O relatório deveria ter incluso pelo menos um pedido de desculpas a todos os delegados que passaram por estas tensões, independentemente das suas causas.”
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Ele acrescentou: “O relatório ignora completamente as profundas questões de injustiça e falta de paridade entre os delegados dos EUA e a maioria dos delegados das conferências centrais. Este é um enorme elefante na sala de estar da IMU que deve ser abordado.”
Emmanuel sugeriu uma forma de compensar na Conferência Geral.
“Como os Africanos não estão totalmente representados, pedimos que os bispos presidentes e os presidentes das comissões façam um esforço especial para apelar aos Africanos para falarem e que os delegados ouçam atentamente o que dizemos,” disse ele num comunicado de imprensa da Voz da Unidade de África.
O Rev. Mark Holland lidera o representação Mainstream da IMU e tem criticado o secretário da Conferência Geral, o Rev. Gary Graves. Holland disse que estava grato pelo relatório da comissão sobre a representação dos delegados, mas considerou-o “lamentavelmente atrasado”.
“Nossa maior preocupação sempre foi o atraso incomum em todas as comunicações do secretário da Conferência Geral aos delegados,” disse Holland. “Seria difícil acreditar que os atrasos do secretário não agravaram um processo já desafiador. No entanto, confio que aqueles de nós que estão presentes seremos fiéis ao trabalho da igreja.”
Graves não respondeu às perguntas que lhe foram feitas pelas Noticias da MU no início desta semana sobre a representação Africana na Conferência Geral. Mas ele é citado no comunicado de imprensa.
“Gostaria de agradecer à comissão e ao pessoal pela sua diligência em cada etapa da implementação dos processos aprovados pela Comissão da Conferência Geral para manter a segurança dos indivíduos e a integridade do trabalho,” disse ele. “Embora entendamos que os resultados podem não agradar a todos os membros, espero que os membros possam encontrar paz sabendo que muitos trabalharam fielmente e em oração para oferecer hospitalidade e facilitar um evento de sucesso a todos os níveis em nome da Igreja Metodista Unida.”
*Hodges é um escritor das Noticias da Metodista Unida baseado em Dallas. Gladys Mangiduyos contribuiu. Contacte-se com Hodges através do 615-742-5470 ou [email protected]. Para ler mais notícias da Metodista Unida, subscreva os Resumos diários ou semanais gratuitos.
**Sambo é correspondente Lusófono em África das Notícias da MU com sede em Maputo, Moçambique.