Líderes do seminário enfatizam inclusividade após o GC2019

Líderes da maioria dos seminários Metodistas Unidos nos EUA que treinam o clero para a denominação estão enfatizando suas políticas inclusivas após a Conferência Geral especial ter afirmado as proibições LGBTQ da igreja.

A principal assembléia legislativa da denominação votou 438-384 pelo Plano Tradicional durante o encontro de fevereiro em St. Louis. Esse plano afirma a diretiva do Livro de Disciplina da Igreja de que “homossexuais praticantes declarados” não devem ser ordenados, o clero não pode realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo e as igrejas Metodistas Unidas não devem realizar tais casamentos. Também acrescentou medidas para melhorar a aplicação dessas proibições.

Enquanto alguns educadores africanos e pelo menos um seminário dos EUA que treina muitos Metodistas Unidos receberam bem a ação, os líderes na maioria das 13 escolas teológicas da Igreja Metodista Unida não o fizeram.

“Reagi às decisões (na) Conferência Geral com soluços, o que não fiz desde que minha filha e eu distribuímos as cinzas de meu marido no Oceano Pacífico”, disse a Revda. Mary Elizabeth Moore, reitora e professora de teologia e educação em Escola de Teologia da Universidade de Boston. “Estou arrasada com o local onde a nossa igreja está no momento presente, e também estou determinada a fazer parte de um novo vento de mudança”.

Por outro lado, o Rev. Julio Andre Vilanculos, presidente da Universidade Metodista Unida de Moçambique, disse que está satisfeito.

“No que me diz respeito, se (a denominação) quer seguir o ensino bíblico, não há como acomodar os desejos de pessoas pró-gay na Igreja Metodista Unida”, disse Vilanculos. Ele disse que acredita que o fracasso em seguir os ensinos bíblicos significaria que a igreja acabaria se separando.

O presidente do Seminário Teológico Unido em Dayton, Ohio, publicou uma declaração na qual ele disse que “pode ser a hora de nossos líderes encontrarem uma maneira para os cristãos metodistas unidos se separarem”.

“Eu acho que a Conferência Geral de 2019 não glorificou a Deus, não uniu as pessoas e não ajudou a igreja a fazer discípulos de Jesus Cristo no mundo”, disse o Rev. Kent Millard ao Serviço Metodista Unido de Notícias. “Não é uma visão positiva do Metodismo Unido para o mundo”.

A maioria dos 13 seminários Metodistas Unidos publicou notas nos seus websites dizendo que as suas políticas de inclusão - incluindo indivíduos LGBTQ - continuarão.

"Nenhuma palavra pode aliviar a dor que vocês devem estar sentindo, mas oro para que o conhecimento de que Drew permanece profundamente comprometido em ser uma comunidade acolhedora, assegure a todos que sua escola nunca vacilará em seu compromisso com você", disse Javier A. Viera, reitor da Escola Teológica Drew, em Madison, Nova Jersey, em sua mensagem aos alunos.

A statue of John Wesley, the founder of Methodism, stands in the center of campus at Asbury Theological Seminary in Wilmore, Ky. Asbury officials issued a statement that said they were “thankful” for the passing of the Traditional Plan. File photo by Mike DuBose, UMNS.

Uma estátua de John Wesley, o fundador do Metodismo, fica no centro do campus do Seminário Teológico de Asbury, em Wilmore, Ky. As autoridades de Asbury divulgaram um comunicado dizendo que estavam "agradecidos" pela aprovação do Plano Tradicional. Foto de arquivo por Mike DuBose, SMUN.


 

O Seminário Teológico Asbury em Wilmore, Kentucky, embora não seja um dos 13 seminários Metodistas Unidos, educa muitos anciãos e diáconos Metodistas Unidos. Em 2017, o Conselho Metodista Unido do Ensino Superior e do Ministério descobriu que dos 418 diáconos e presbíteros ordenados, 44 eram graduados em Asbury, perdendo apenas para Duke, que tinha 57 graduados que foram ordenados naquele ano. Sessenta e quatro por cento dos novos diáconos e anciãos se formaram em um dos 13 seminários Metodistas Unidos.

Os funcionários da Metodista Unida Asbury disseram em um comunicado no site da escola que estavam "agradecidos" pela aprovação do Plano Tradicional.

O reverendo Timothy Tennent, presidente da Asbury, disse em seu blog que a afirmação de uma visão cristã histórica a respeito do casamento é “um enorme encorajamento para tantos ao redor do mundo que se acostumaram com as principais igrejas aparentemente de forma invevitavel, marcharem para reposicionarem-se fora da corrente da fé histórica”.

“A Igreja Metodista Unida é a única denominação principal até hoje que conseguiu manter a ética bíblica na definição do casamento cristão”, disse Tennent. “Se esta votação se mantiver e, mais importante, estimular uma renovação mais profunda na fidelidade bíblica, então poderemos ser um farol de esperança para todas essas igrejas mais antigas, que continuam seu precipitado declínio em proporções alarmantes”.

O Conselho Judicial, o topo do tribunal do Metodismo Unido, está programado para rever a constitucionalidade de algumas partes do Plano Tradicional de 23 a 26 de abril em Evanston, Illinois.

"Os estudantes LGBTQ certamente estão sentindo o impacto disso, embora todos nós saibamos que esta ainda não é uma decisão definitiva", disse o reverendo Thomas V. Wolfe, presidente e diretor executivo da Iliff School of Theology em Denver.

O reverendo Neil Blair, presidente da Escola de Teologia Saint Paul em Leawood, Kansas, instou os Metodistas Unidos a “recuar e respirar fundo”.

“Este pode ser um momento para o amor incondicional prevalecer em oposição ao julgamento. Se você se sentir chamado a fazer o trabalho de Deus, aguente firme”, disse Blair.

Houve rumores de que algumas conferências e igrejas poderiam reter doações para fundos da igreja, incluindo o Fundo de Educação Ministerial, que fornece algum financiamento para os 13 seminários Metodistas Unidos.

A Revda. Kim Cape, executiva-chefe do Conselho de Educação Superior e Ministério da denominação, pediu que aqueles que considerassem fundos retidos fossem “atenciosos”.

Cape disse que a retenção de fundos seria míope. “Você pode enviar uma mensagem irritada e pode se sentir melhor a curto prazo, mas a mensagem seria entregue no endereço errado, causando danos a longo prazo”, disse ela.

“Estamos em sério risco de perder esta próxima geração. Por que nós faríamos mal a eles? Precisamos fazer tudo o que pudermos para mantê-los. Nosso futuro e seu futuro estão em jogo”. Cape disse que falou aos funcionários do seminário que a implementação do Plano Tradicional ainda não está clara.

Seminários Aprovados

As 13 escolas teológicas Metodistas Unidas recebem cerca de 15 milhões de dólares do Fundo de Educação Ministerial, um fundo da igreja que apoia a formação do clero. Do total arrecadado em cada conferência anual do fundo, a conferência retém 25% para usar em seu programa de educação ministerial.


O Senado Universitário, um órgão eleito que supervisiona a educação teológica para a denominação, mantém uma lista de todos os seminários aprovados para treinamento do clero Metodista Unido. Essa lista inclui seminários não-metodistas unidos, bem como as 13 escolas denominacionais.

As 13 escolas de teologia Metodistas Unidas são:

Escola de Teologia da Universidade de Boston em Boston; Escola Candler de Teologia na Universidade de Emory, em Atlanta; Escola de Teologia de Claremont, em Claremont, Califórnia; Escola de Teolodia da Universidade de Drew, em Madison, Nova Jersey; Escola Duke Divinity na Univerdade Duke em Durham, Carolina do Norte; Seminário Teológico Gammon em Atlanta; Seminário Teológico Evangélico Garrett, em Evanston, Illinois; Escola de Teologia Iliff School, em Denver; Escola Teológica Metodista em Delaware, Ohio; Escola de Teologia da Perkins na Universidade Metodista Southern, em Dallas e Houston-Galveston, Texas; Escola de Teologia de Saint Paul, em Leawood, Kansas e Oklahoma City; Seminário Teológico Unido em Dayton, Ohio; e o Seminário Teológico Wesley, em Washington.

“Nossos seminários são sobre o trabalho de moldar líderes para a Igreja Metodista Unida que obedecem ao mandamento de Cristo de amar a Deus com suas mentes”, disse ela. “Como tal, eles são herdeiros da paixão de John Wesley por aprender. As suas vozes são críticas para moldar a Igreja Metodista Unida e encorajamos-nos a permanecer ativos na conversa”.

Alguns estudantes e funcionários do ensino superior disseram que a igreja deveria ter escutado mais as opiniões dos jovens Metodistas Unidos.

"Estamos procurando perder uma geração de líderes de nossa denominação", disse o reverendo Kah-Jin Jeffrey Kuan, presidente da Escola de Teologia Claremont em Claremont, Califórnia. “Isso acontece em um momento em que estamos começando a ver a geração mais jovem voltando ao seminário. Nossos alunos estão nos dizendo que não têm certeza se essa é ou não a denominação da qual querem fazer parte”.

O reverendo David McAllister-Wilson, presidente do Seminário Teológico Wesley, em Washington, DC, disse que achava que o debate sobre sexualidade já feriu o recrutamento.

"Nos últimos dois anos, tem havido perguntas de uma quantidade crescente de estudantes idealistas e realmente comprometidos, questionando se a Igreja Metodista Unida está onde deveriam estar", disse McAllister-Wilson.

Uma dessas alunas, Ellie Crane, está em seu segundo ano no Seminário Teológico Wesley, no Distrito de Columbia. Ela é uma Metodista Unida vitalícia e sente um forte apelo ao ministério. Ela também é gay.

"Eu estava começando a explorar o ministério ordenado, mas não queria começar o processo porque não estava disposta a esconder uma parte do que sou", disse Crane. “A minha maior esperança é que o Conselho Judicial encontre muitos problemas constitucionais com o Plano Tradicional, e a partir daí aconteça um reagrupamento.”

 

*Patterson é um repórter do Serviço de Notícias Metodista Unido em Nashville, Tennessee. Entre em contato com ele pelo telefone 615-742-5470 ou [email protected]. Joao Sambo contribuiu para esta história.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina @umcom.org 

 

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