Pontos Chave:
- Os líderes Metodistas Unidos estão a avaliar que partes do Livro de Disciplina se aplicam em todo o mundo e o que pode ser adaptado nas diferentes regiões geográficas da igreja.
- Neste momento, as conferências centrais em África, na Europa e nas Filipinas têm a autoridade para adaptarem partes da Disciplina ao seu contexto missionário.
- Um pacote de emendas constitucionais, chamado regionalização, estenderia a mesma autoridade aos EUA.
- O trabalho de revisão da Disciplina não depende da regionalização. Mas se a regionalização não for ratificada, o que fôr considerado adaptável continuará a aplicar-se à igreja dos EUA.
Os líderes Metodistas Unidos de quatro continentes estão a avançar com um esforço de há anos para reestruturar o principal livro de políticas da denominação.
Eles querem deixar claro quais as partes do Livro de Disciplina que são essenciais e que unem todos os Metodistas Unidos e quais as partes que podem ser adaptadas nas diferentes regiões geográficas da igreja.
Durante muito tempo, este projecto envolveu apenas a determinação do que é adaptável nas conferências centrais da denominação - oito regiões eclesiásticas em África, na Europa e nas Filipinas, cada uma composta por vários organismos chamados conferências anuais. De acordo com a constituição da denominação, as conferências centrais há muito que têm o direito de fazer "tais alterações e adaptações" à secção administrativa da Disciplina conforme as necessidades missionárias e os diferentes contextos legais o exijam.
Agora, a regionalização - um pacote de emendas constitucionais que deverá ser votado nas conferências anuais deste ano - potencialmente acrescenta um novo aspecto ao trabalho. Sob a regionalização, as conferências centrais e a igreja nos EUA tornar-se-iam conferências regionais com a mesma autoridade para adaptar a Disciplina.
Para ser ratificada, pelo menos dois terços do total de votantes nas conferências anuais deste ano terão de apoiar a medida. Os bispos esperam anunciar os resultados da votação no início de Novembro.
Mas, independentemente de a regionalização ser ratificada, o trabalho continuará a criar um livro de normas mais relevante a nível global - aquilo a que os líderes estão chamando de um Livro Geral de Disciplina.
"Ajuda-nos a compreender melhor a natureza mundial da Igreja," disse o Bispo Alemão Harald Rückert. "Por isso, mesmo que as estruturas não possam seguir nesta altura - porque a ratificação falhou - o pensamento mudou para uma conexão mundial."
Rückert é o presidente da Comissão Permanente de 2025-28 sobre Assuntos das Conferências Centrais, que passou grande parte da sua reunião de organização de 26 a 29 de Janeiro concentrado em revigorar o seu trabalho sobre a revisão da Disciplina. A reunião teve lugar na sede da Junta dos Ministérios Globais da Metodista Unida em Atlanta.
Em última análise, Rückert e outros líderes da igreja esperam que os Metodistas Unidos ratifiquem a regionalização - que a comissão permanente desenvolveu juntamente com a Mesa Conexional e um grupo de base chamado Pacto de Natal.
Esperam também que a Conferência Geral de 2028 aprove as recomendações da comissão permanente para o Livro Geral de Disciplina. Sem a regionalização, as partes consideradas adaptáveis continuarão a aplicar-se nos Estados Unidos.
A Rev. Nelly W. Wright, um novo membro da comissão permanente da Libéria, disse que se sentia abençoada por fazer parte do debate.
"Pessoas de todo o mundo fazem parte deste grupo," afirmou. "Têm diferentes entendimentos, diferentes formações académicas, diferentes contextos culturais. Estamos reunidos para tomar decisões que conduzirão a nossa igreja."
Como é que começou o projecto?
A Conferência Geral, o principal órgão legislativo da denominação, em 2012 atribuiu a comissão permanente a tarefa de identificar o que na Disciplina se aplica verdadeiramente em todo o mundo. A comissão é o único órgão de toda a denominação em que a maioria dos membros vive fora dos EUA.
O objectivo é tornar o livro de políticas - e a governação da Igreja Metodista Unida em geral - menos centrada nos EUA.
Desde 2012, a comissão permanente tem trabalhado com membros de outros órgãos de liderança denominacional para pentear a Disciplina. Tanto em 2016 como no ano passado, a comissão permanente apresentou projectos aos delegados da Conferência Geral e procurou obter feedback das conferências anuais em toda a conexão.
A Conferência Geral do ano passado deu o mandato para que o esforço continuasse. A assembleia legislativa também deu a comissão permanente a autorização para propor alterações à linguagem da Disciplina, sempre que necessário, para uma maior ressonância global.
O Bispo reformado Patrick Streiff, que era o presidente da comissão permanente quando o trabalho começou, disse aos líderes da igreja reunidos em Atlanta que o seu trabalho é decidir o que na Disciplina trata de assuntos que são "distintamente conexionais".
"A Conferência Geral tem a autoridade sobre tudo o que é distintamente conexional," disse ele. "Mas o que é que isso significa? É o livro inteiro que a Conferência Geral edita? A sério? Ou há uma maneira de algumas dessas coisas serem adaptáveis em diferentes regiões?"
Para determinar o que é realmente conexional e aplicável em todo o mundo, disse ele, será necessário "ouvirmo-nos uns aos outros e às nossas diferentes culturas e situações".
A esperança de Streiff é que o trabalho resulte num Livro Geral de Disciplina que seja muito mais fino e fácil de compreender e traduzir do que o que a Igreja Metodista Unida tem actualmente. Ele também espera que a nova Disciplina contenha menos redundâncias e requisitos repetidos usando a palavra "deve".
"Criará um pacto sobre quem queremos ser juntos, em vez de todas estas regras pormenorizadas e inúmeros 'deveres,'" disse ele aos presentes em Atlanta.
O que está a ser discutido
A Conferência Geral já determinou que certas partes da Disciplina não são absolutamente adaptáveis. Alterar estas disposições requer pelo menos uma acção da Conferência Geral e possivelmente também uma acção da conferência anual.
As partes não adaptáveis, listadas no parágrafo 101 da Disciplina, são:
- A Constituição
- Padrões Doutrinais e a Nossa Tarefa Teológica
- O Ministério de Todos os Cristãos
- Os Princípios Sociais.
No total, isto faz com que as primeiras 147 páginas da nova Disciplina 2020/2024 não sejam adaptáveis.
Resta ainda a Parte VI do Livro de Disciplina, Organização e Administração. Com 663 páginas, a Parte VI é a maior secção do livro de políticas da denominação.
Para decidir o que é adaptável, a comissão permanente trabalhou com três outros órgãos de liderança denominacional - a Comissão de Fé e Ordem, a Comissão de Estudo do Ministério e a Mesa Conexional.
Muito do que os líderes estão a fazer é analisar os parágrafos da Parte VI, um a um, para ver o que pode ser adaptado aos contextos locais. O que quer que considerem adaptável, propõem que seja transferido para uma nova Parte VII no Livro de Disciplina. Esta nova parte da Disciplina continuaria a ser necessária nos Estados Unidos se a regionalização não fosse ratificada.
Mas se a regionalização for ratificada, Rückert sugeriu que a comissão permanente poderia pedir à Conferência Geral para não incluir a nova Parte VII na Disciplina. Em vez disso, a Parte VII tornar-se-ia simplesmente um projecto para os Livros Regionais de Disciplina das conferências regionais.
"A questão de saber se as partes adaptáveis que identificámos farão ou não parte de um Livro de Disciplina global podemos decidir um pouco mais tarde," disse Rückert à comissão permanente. "O trabalho ainda é muito importante."
Uma nova comissão
Mesmo que a regionalização não seja aprovada, a Conferência Geral do ano passado aprovou uma mudança na forma como a igreja lida com assuntos que dizem respeito apenas aos EUA.
O novo Parágrafo 507 da Disciplina detalha uma nova Comissão Regional dos Estados Unidos, que actuará como uma comissão legislativa durante a Conferência Geral, analisando todas as petições que dizem respeito aos EUA. a comissão será composta por todos os delegados dos EUA eleitos para a Conferência Geral, bem como por um membro leigo e clérigo de cada conferência central.
Assine a nossa nova newsletter eletrônica em espanhol e português UMCOMtigo
Você gosta do que está lendo e quer ver mais? Inscreva-se para receber nosso novo boletim eletrônico da UMCOMtigo, um resumo semanal em espanhol e português, com notícias, recursos e eventos importantes na vida da Igreja Metodista Unida
Sua autoridade será semelhante à da Comissão Permanente dos Assuntos das Conferências Centrais, que também actua como uma comissão legislativa durante a Conferência Geral, analisando todas as petições relacionadas às conferências centrais.
Assim como acontece com a comissão permanente, qualquer coisa que a nova Comissão Regional dos EUA apoiar terá que ser submetida à aprovação da plenária da Conferência Geral Internacional.
“Sem a ratificação da regionalização, os EUA ainda dependerão da Conferência Geral,” disse Rückert às Notícias da MU. “Eles têm que passar pela Conferência Geral para tudo, e não acho que eles realmente queiram isso.”
Se uma nova Conferência Regional dos EUA for estabelecida com a ratificação, a Comissão Regional dos EUA deixará de existir.
Aconteça o que acontecer, o Dr. Glenn Paraso está entre os Metodistas Unidos animados para ver onde o trabalho com uma nova Disciplina mais global vai. Paraso é um membro leigo da comissão permanente e executivo-chefe do Hospital Mary Johnston nas Filipinas.
“É como definir um novo caminho para governar melhor,” ele disse à UM News. “Espero que, se considerarmos o contexto e a cultura, por causa da nossa diversidade, então talvez possamos viver mais em nossos ministérios. Os EUA serão os EUA. As Filipinas serão as Filipinas. E a África será a África. Então, talvez nossa diversidade nos faça unir melhor.”
*Hahn é editora assistente de notícias da MU. Contate-a através de (615) 742-5470 ou [email protected] Para ler mais notícias Metodistas Unidas, subscreva para os Resumos Diários ou Semanais gratuitos.
**Sambo é correspondente Lusófono em África das Notícias da MU com sede em Maputo, Moçambique
