Pontos chave:
- Os líderes financeiros metodistas unidos começaram a desenvolver um orçamento denominacional que incluirá cortes profundos nos fundos que sustentam agências gerais e bispos.
- No entanto, persistem divergências sobre a melhor forma de lidar com a incerteza financeira em um momento de desfiliações da igreja e as consequências contínuas da pandemia.
- Em última análise, caberá à Conferência Geral definir o próximo orçamento denominacional quando se reunir em 2024.
À medida que o número de desfiliações da igreja aumenta, os líderes financeiros Metodistas Unidos começaram a preparar o que será o menor orçamento da denominação enviado à Conferência Geral em quase 40 anos.
A diretoria da agência financeira da denominação, o General Council on Financial and Administration (Conselho Geral de Finanças e Administração), já se preparava para enviar à assemblEia legislativa o menor orçamento desde a década de 1990. Em 18 de novembro, por uma votação de 18 a 2, o conselho do GCFA aprovou reduzir ainda mais o orçamento proposto de quatro anos para um total de cerca de US$ 373,7 milhões para os anos 2025-2028.
A proposta atual exige cortes significativos em todos os fundos que apoiam os ministérios de toda a denominação - incluindo agências gerais e bispos.
O novo resultado final marca uma redução de mais de um terço – mais de 38% – do orçamento de toda a denominação que a Conferência Geral aprovou em 2016. Seria o menor orçamento apresentado à Conferência Geral desde 1984, quando a denominação tinha muito menos membros no continente africano e ainda precisava estabelecer a Universidade da África, agora mantida com fundos denominacionais.
Por fim, a Conferência Geral - agora três vezes atrasada pela pandemia do COVID-19 - terá a palavra final sobre o próximo orçamento de quatro anos da denominação quando se reunir na primavera de 2024.
“Este é o começo”, disse o bispo da Conferência North Texas, Mike McKee, presidente do conselho da GCFA. “Podemos revisitar. Ou não - quero ser claro. Mas como os novos dados chegam em tempo real, isso pode conduzir a conversa para um lado ou para o outro.”
O que acontece depois?
As contribuições da igreja geral sustentam sete fundos denominacionais.
Em 18 de novembro, o conselho do GCFA fez recomendações sobre a distribuição de dois - o Fundo Episcopal, que apoia os bispos, e o Fundo de Administração Geral, que apoia a Conferência Geral, o Conselho Judicial, Arquivos e História e a própria agência financeira.
Agora, cabe à Mesa Conexional, um órgão de liderança da igreja, recomendar alocações entre os outros cinco fundos.
De acordo com a atual proposta orçamentária, a Mesa Conexional tem cerca de US$ 269,9 milhões para distribuir entre esses cinco fundos. Isso é cerca de 42,3% a menos do que alocado para os cinco fundos do orçamento aprovado pela Conferência Geral de 2016.
Tanto a diretoria do GCFA quanto a Mesa Conexional votarão as alocações orçamentárias em maio.
Dave Nuckols, o tesoureiro da Mesa Conexional, disse à Notícias MU que tanto a Mesa Conexional quanto o conselho do GCFA terão seu trabalho cortado para eles nos próximos meses para entender completamente o impacto desses cortes.
“O próximo orçamento revelará o que a IMU realmente valoriza”, disse ele. “Tanto os conselhos quanto o Conselho dos Bispos precisarão considerar não apenas cortes reativos, mas também estratégias criativas para dimensionar corretamente e liderar com uma mordomia generosa do que Deus fornecerá”.
A votação do conselho sobre o resultado final ocorreu após dois dias de discussões acaloradas entre os membros do conselho da agência financeira e seus colegas da Connectional Table (Mesa Conexional), um órgão de liderança que coordena o trabalho das agências e também ajuda a determinar as alocações orçamentárias. A Mesa Conexional é responsável pela administração da missão, ministérios e recursos da denominação, conforme determinado pela Conferência Geral.
Todos os líderes metodistas unidos concordam que cortes drásticos são necessários. No entanto, permanecem divergências entre o conselho da agência financeira e a Mesa Conexionalsobre a melhor forma de se ajustar às realidades financeiras em mudança, ao mesmo tempo em que apoia o ministério em todos os níveis da igreja.
Neste ponto, todos os níveis estão sentindo os efeitos à medida que a denominação continua a lidar com as consequências da pandemia e vê um número crescente de igrejas indo para as saídas após décadas de intenso debate sobre a inclusão LGBTQ e o lançamento da separatista conservadora Igreja Metodista Global anteriormente este ano.
Uma apuração do Notícias Metodista Unida descobriu que, desde que a Conferência Geral especial de 2019 aprovou um procedimento de desfiliação, as conferências anuais aprovaram as retiradas de 1.314 igrejas. Desse total, 487 desfiliações foram aprovadas no último fim de semana, quando cinco conferências anuais realizaram sessões especiais simultâneas.
Essa contagem de desfiliação ainda representa uma pequena porcentagem das mais de 30.500 igrejas nos Estados Unidos. No entanto, tem implicações financeiras.
Na Igreja Metodista Unida, o orçamento da denominação é repartido entre as conferências anuais, órgãos regionais da igreja que, por sua vez, solicitam participações nas doações da igreja — chamadas de repartições — das igrejas locais. As conferências anuais nos Estados Unidos fornecem a maior parte do financiamento para os ministérios gerais da igreja.
A Notícias MU, que faz parte da Comunicações Metodista Unida, é financiada por dólares americanos.
A fórmula para determinar as alocações de uma conferência anual dos EUA é o total de despesas líquidas da igreja local multiplicado pela porcentagem base aprovada pela Conferência Geral. Despesas líquidas são o que uma igreja gasta depois das despesas de capital, repartições e doações benevolentes.
Com base em pesquisas com os líderes da conferência anual, a equipe do Conselho Geral de Finanças e Administração está projetando que, devido às desfiliações e fechamentos de igrejas, haverá uma queda de pelo menos 21,3% nas despesas líquidas totais da igreja local até 2025.
Todos concordam que, com menos igrejas locais, a quantidade de contribuições solicitadas diminuirá. As igrejas que permanecem no redil Metodista Unido não estarão on the hook (ou seja, sofrendo risco de cobrança) para as distribuições das igrejas que partem.
No cerne da disputa entre o conselho do GCFA e a Mesa Conexional está exatamente quanto reduzir a parte percentual básica da fórmula de repartição. A Mesa Conexional propôs reduzir o percentual base em 18%. Enquanto isso, a Força-Tarefa de Sustentabilidade de Distribuição, um grupo indicado pelo GCFA, recomendou uma queda de 25% - primeiro em 2018 e novamente em julho passado. A votação de 18 votos a 2 do conselho do GCFA foi a favor da redução recomendada pela Força-Tarefa de Sustentabilidade de Distribuição.
O Conselho Geral de Finanças e Administração deu os primeiros passos ao propor um orçamento de $ 373,7 milhões para a Conferência Geral. Este gráfico mostra como os fundos são alocados, incluindo um corte de 20% no Fundo Episcopal que apoia os bispos. A Mesa Conexional é responsável por alocar o financiamento para o Total de Outros Fundos e Agências destacados em amarelo. Gráfico cortesia do Conselho Geral de Finanças e administração, versão em português Rev. Gustavo Vasquez, Notícias MU.
A Revda. Sheila Ahler, contadora pública certificada de longa data e agora pastora associada da Igreja Metodista Unida Apex, em Apex, Carolina do Norte, serviu na força-tarefa e agora faz parte do conselho da GCFA. Ela disse que a força-tarefa sugeriu pela primeira vez a redução de 25% muito antes das paralisações do COVID e da onda de desfiliações porque a força-tarefa queria que as agências definissem seus objetivos principais e reduzissem as despesas. Agora cortes mais profundos são ainda mais cruciais, disse ela.
“Estamos tentando preparar esse cenário para não nos depararmos com uma parede de tijolos daqui a três ou quatro anos e, de repente, dizermos: 'Espere, não há dinheiro aqui'”, disse ela ao conselho. Ela também apontou suas preocupações de que as agências estão usando suas reservas.
A recém-eleita bispa Kennetha Bigham-Tsai, que mais recentemente serviu como a principal executiva da Mesa Conexional, observou que as agências têm gastado suas reservas por instrução da Mesa Conexional. Ela apontou o exemplo da Comunicações Metodista Unida, que tem usado suas reservas em parte para apoiar uma maior colaboração nas comunicações entre as agências e permitir que as agências reduzam seus custos de comunicação.
A diretoria do GCFA tem planos de fazer uma análise aprofundada das reservas para ver como os ministérios de toda a denominação estão administrando seus fundos para dias difíceis.
Nesse ínterim, Bigham-Tsai e outros na Mesa Conexional também apontaram que as agências reduziram seus funcionários após as primeiras recomendações da Força-Tarefa de Sustentabilidade de Distribuição em 2018.
Em outras ações
O Conselho Geral de Finanças e Administração aprovou os planos de gastos de 2023 para bispos, 10 agências, incluindo o próprio GCFA e outros ministérios de toda a denominação.
Agências e outras entidades nunca fazem orçamentos com a expectativa de receber 100% dos rateios solicitados. A maioria dos planos de gastos das agências prevê uma taxa de arrecadação de rateio de 60% a 75%. A previsão geral é de que os gastos da agência cairão 13% em relação a 2017. Há um uso projetado de $ 11 milhões de reservas em 2023.
O conselho aprovou o plano de gastos de 2023 de $ 21,5 milhões para o Fundo Episcopal.
O conselho do GCFA também aprovou um esforço para aumentar o diálogo entre as várias entidades que lidam com as complexidades de uma denominação multinacional.
Leia o comunicado de imprensa do Conselho Geral de Finanças e Administração.
Ela acrescentou que as agências não estão olhando apenas para uma redução de 25% no orçamento. "A redução na taxa percentual básica é apenas uma parte da fórmula", disse Bigham-Tsai.
Com ambos os fatores na fórmula tendo grandes quedas, isso significa cortes ainda maiores ao redor.
Não são apenas as agências que procuram um aperto de cinto significativo, mas também os bispos. O Fundo Episcopal que sustenta os bispos da denominação há muito corre o risco de ficar sem dinheiro. No ano passado, os bispos assumiram maiores cargas de trabalho para cobrir os bispos que se aposentavam, o que ajudou a sustentar o fundo. Este mês, os Metodistas Unidos elegeram 13 novos bispos nos Estados Unidos, um na Europa e têm planos de eleger três nas Filipinas. Isso ainda representa sete a menos do que no orçamento atual.
O GCFA há muito prepara um orçamento de 2025-2028 que exige 71 bispos - 46 nos EUA, quatro na Europa, três nas Filipinas e cinco bispos adicionais para elevar o total para 18 na África.
Mas em 18 de novembro, o conselho do GCFA aprovou uma redução de 20% nos gastos do Fundo Episcopal. Rick King, diretor financeiro do GCFA, disse que a queda levaria potencialmente à redução de bispos em mais de um terço. Também pode alterar os planos de adicionar mais cinco bispos na África.
Atualmente, apenas 10 bispos – cinco nos EUA e cinco nas conferências centrais da África, Europa e Filipinas – enfrentam aposentadoria obrigatória quando o novo orçamento entrar em vigor.
O Presidente do Conselho dos Bispos, Thomas J. Bickerton, participou de ambos os dias da reunião do conselho do GCFA.
“Devemos ser responsáveis o suficiente para ter conversas abertas com a África, sobre se esses cinco bispos podem ou não ser eleitos”, disse Bickerton ao conselho. Ele acrescentou que não quer estar em rota de colisão com o Livro da Disciplina, o livro de políticas da denominação, que tem um número mínimo exigido de bispos. Nos EUA, são pelo menos cinco bispos em cada jurisdição, num total de 25.
“Espero que revisitemos isso em tempo real, porque tudo isso está acontecendo com tanta rapidez que não houve tempo para nenhum de nós – seja o Conselho dos Bispos ou os comitês jurisdicionais do episcopado – para realmente examinar como o papel e a função do episcopado vai ter que mudar”.
A denominação está enfrentando muitas incógnitas, e a agência financeira ainda está coletando dados sobre a economia global, tendências nas doações da igreja e, mais significativamente, desfiliações congregacionais. Uma série de conferências anuais já agendaram sessões especiais no próximo ano para votar nas desfiliações.
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Bem-vindo à incerteza com I maiúsculo”, pregou Cynthia A. Bond Hopson em um culto na Capela do Cenáculo em Nashville, Tennessee, que reuniu membros do conselho do GCFA, a Mesa Conexional, o Conselho de Bispos e outros convidados.
O culto marcou a primeira reunião do Conselho Geral de Finanças e Administração realizada em grande parte presencialmente desde março de 2020, pouco antes de a pandemia encerrar as coisas. Desde então, a agência financeira vendeu seu prédio e mudou-se para o Edifício Harry Denman, que divide com a Capela do Cenáculo, bem como com as agências da denominação de Ministérios de Discipulado e Educação Superior e Ministério.
Bond Hopson é diretora de patrimônio e secretária geral adjunto do Conselho Metodista Unido de Ensino Superior e Ministério. Ela também administrou por muito tempo o Black College Fund (Fundo da Faculdade Negra), um dos fundos apoiados pelo orçamento denominacional.
Durante o culto onde o GCFA a convidou para pregar, ela disse que seus companheiros Metodistas Unidos precisarão de “profundidade espiritual e coragem” para liderar neste tempo precário. Ela também disse que os líderes Metodistas Unidos precisam trabalhar juntos para entrar na mesma página – a página de Deus.
“Quando os números não batem, mas a necessidade é grande, vamos ouvir o que Deus está nos dizendo que é necessário?” ela perguntou.
*Hahn é editora assistente de notícias da Notícias MU. Entre em contato com ela em (615) 742-5470 ou [email protected]. Para ler mais notícias Metodistas Unidas, assine os resumos quinzenais gratuitos.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected].
