
Palavras-chave:
- Quando situações de desastres naturais como esta atingem um país com poucos recursos, cresce a pobreza no seio das famílias.
- As capelas e casas pastorais ficaram afectadas , e há registos de perda de muitos pertences dos membros das comunidades.
- Muitos membros da igreja ficaram sem tecto e muitas casas pastorais e capelas ficaram destruídas.
A zona Austral de África, e Moçambique em particular, têm sido nos últimos anos o desaguador de fenómenos naturais, com maior incidência de ciclones e cheias. Desde o inicio do mês de Março, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) anuncia a possível ocorrência de depressão tropical Gombe.
Segundo este órgão, o fenómeno teria o seu inicio na madrugada de sábado, dia 8 de Março, mas a prática mostrou o contrário. O ciclone antecipou a sua ocorrência.
“Na verdade eu não sei o que esta acontecer no últimos dias,” disse Wilson Sobriano, membro da comunidade de Nampula.
“Temos tido situações recorrentes de ciclones e chuvas fortes... o que me leva às vezes a perguntar: que pecado cometemos neste pais?”
A tempestade Gombe afectou as zonas costeiras da província de Nampula, nomeadamente os distritos de: Mongicual, Ilha de Moçambique, Nacala, Monapo e Mossuril com maior incidência para os distritos de Monapo e Ilha de Moçambique, por estarem junto à costa.
“Embora se previa que os efeitos do Gombe fossem sentidos no dia 8 de Marco, um dia antes começamos a ver e a sofrer pelos efeitos nefastos do ciclone,” disse Verónica António, superintendente distrital de Nampula.
A província de Nampula é a mais populosa. Segundo o censo nacional de 2017 realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a população era estimada em cerca de 5,758,920 habitantes, seguida de Zambézia com 5,164,73.
“Quando situações de desastres naturais como esta atingem um país com poucos recursos, aumenta a pobreza no seio das famílias,” explicou António.
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“Temos muitas famílias membros da Metodista Unida afectadas pelo ciclone Gombe... só no distrito eclesiástico de Nampula, mais de 202 famílias perderam seus tectos e suas culturas,” continuou António.
A tempestade vinha acompanhada por chuvas fortes e trovoadas. Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Desastres Naturais (INGD), órgão responsável pela mitigação de desatres naturais, cerca de 61 pessoas perderam a vida como vítimas da depressão Gombe
“O que temos vindo a passar nesta parte do país e nestes anos, torna a vida das pessoas e da igreja cada vez mais difícil vulnerável. Pois, fragiliza-se o tecido humano, a resiliência é reduzida e a economia mais empobrecida,” desabafou António.
O ciclone tropical Gombe, afectou também a província costeira da Zambézia.
“Nós estámos mal aqui,” disse o Rev. António Fafetine, superintendente distrital da Zambézia Sul.
“A casa do distrito onde vive o superintendente e sua família foi removido o tecto... em Inhassunge, cerca de 103 famílias ficaram sem tecto, em Mocuba 25 famílias, em Nicoadala foram 103, e na cidade de Quelimane 5 famílias que foram afectadas.”
Há registo de 4 capelas em Nampula que ficaram completamente destruídas.
João Mendes, um dos membros do campo missionário de Inhassunge (no distrito da Zambezia Sul) afirmou: “Esta difícil gerir esta situação, sobretudo quando tens familia com crianças.”
Muitas famílias como a do Mendes, ficou na penúria e em situação lamentável que requer uma acção humanitária urgente.
Contactado, o Coordenador de Emergência, Respeito Chirrinze, explicou como buscam apoio no momento. “Lamentamos a recorrência dos desastres naturais no nosso país que afectam pessoas vulneráveis.... estamos neste momento a providenciar apoio aos sobreviventes do ciclone Ana, porém, por conta deste novo desastre, submetemos junto dos nossos parceiros (a UMCOR) um Grant Application (Pedido de Subsídio) para apoiar os sobreviventes do Gombe.

Dada a natureza habitacional de muitas famílias Moçambicanas, que constroem suas casas com base em material local (isto é, não resiliente), muitas casas facilmente ficam destruídas sempre que há um vendaval acompanhado de chuvas torrenciais.
“Pedimos socorro aqui, pois já não temos nada para comer, vestir, nem mesmo sítio para dormir, porque a chuva levou tudo,” clamava assim Marques Evaristo, membro da comunidade em Nicoadala, próximo do local onde a estrada Nacional nº 1 estava cortada, separando o centro do sul e do norte do país.
“As capelas e casas pastorais ficaram afectadas aqui no nosso distrito, assim como a perda de muitos pertences dos membros das comunidades,” disse a Revda. Maria Budula em entrevista à Notícias MU.
Neste preciso momento decorrem campanhas de angariação de fundos para fazer face as vítimas do Gombe. Este processo está sob a responsabilidade da comissão de resposta a emergência da conferência do Norte do Save.
“Estamos a accionar mecanismo para angariação de fundos e bens materiais nas conferências do Sul e Sudeste, para o apoio às vítimas de ciclone Gombe em Nampula e Zambézia”, explicou o senhor Pascoal Macule, presidente da Comissão de Resposta de Emergência da Conferência de Moçambique Norte.
Para melhor prestar apoio humanitário, a comissão de resposta de emergência do Norte esta em contacto com os superintendentes dos distritos afectados.
Gombe deixou rastros de destruição, morte e luto. Aumentou a fragilidade de infraestruturas e vias de acesso, agravando de certo modo o sofrimento das populações.
“Já contactamos os superintendentes dos distritos afectados para o fornecimento dos dados que nos permitirão agir num sentido e direcção correcta,” finalizou Macule.
*Gustavo é comunicador na Conferência de Moçambique Norte.